Homem de fato

31/07/2019. Cidade do Porto, Aeroporto Internacional Sá Carneiro, Portão 32. Passageiros do voo TP1927 destinados a Lisboa e conexões nacionais e estrangeiras. Embarque indicava às 9h15min e decolagem às 10 horas.

Passados os horários, sem que os funcionários da empresa aérea prestassem informações, iniciaram-se questionamentos  acerca dos atrasos. Replicado intrigante respostar: “O avião ainda está em Lisboa. De nada mais sabemos!”.

Apesar de possuírem microfone e alto-falante, não usaram, provocando a que pessoas os fossem indagar. Daí, surgiram discussões. Inclusive, umas, bem acaloradas.
Primeiro, as de um grupo de italianos que citava viagem a Ibiza. Depois, de lusos que seguiriam destinos vários no país. Outros, que não consegui identificar os porquês.

O tempo passava e a tardança já somava quase duas horas, quando um casal que ia embarcar, na capital, rumo a Angola, torcia por demora superior a três, afirmando que exigiria indenização à transportadora.

Enquanto isso, minha mulher e eu, mesmo insatisfeitos pelo retardamento, tínhamos paliativo. Nossa conexão para Fortaleza ocorreria só às 17 horas e, assim, em Lisboa, também aguardaríamos.

Sentado ao nosso lado, um pai falava ao filho sobre aviação. Pareceu-me ser aeronauta.

Na ocasião, em tom de voz altercada e gesticulando, um empaletozado interpelou os atendentes. E, um lusitano, próximo de nós, afirmou: “Agora, um homem de fato, talvez resolva!”.

Foi o bastante para tirar o pai prelecionador de sua zona de conforto. Dirigiu-se a mim, perguntando: “O senhor ouviu o que aquele cara deu a entender? Que aqui não tem homem!?”.

Antes de a ocorrência resultar mal maior, de pronto, expliquei que “fato”, em Portugal, significava terno, paletó, usual uniforme de autoridade, como se trajava o novo discutidor. Fez-se calma.

Duas horas e meia de retardo e, enfim, a decolagem...


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