Histórias dos Cafundós

Em aula do inesquecível e saudoso mestre da língua portuguesa, filólogo, gramático e produtor de obras Hélio de Sousa Melo (1921 – 2001), discorrendo sobre variados gêneros literários, lembrei-me do explanado tratando das genealogias.

Sempre objetivo, minucioso e citando exemplos práticos, respondia as intervenções tranquilamente, como a de um colega de classe acerca do tema. Afirmou que, maioria das vezes, o livro apresenta-se enfadonho, por quase esquemático e de interesse maior do autor e seus familiares. Discorreu a respeito das autobiografias e dos denominados livros de família.

O professor Hélio empregou a expressão “maioria das vezes”, logo, admitiu exceções.

Semanas atrás, encontrei uma merecedora de registro. Recebi o exemplar “Histórias dos Cafundós: Raízes das Famílias Neco e Barreto de Canindé e Façanha, Sá e Brasil de Aquiraz”. Não aceitante do “não li e não gostei...”, abri o exemplar e notei-o fugir aos da espécie, fazendo-me interessado na leitura.

Autoria de Erivaldo Façanha, edição própria de 405 páginas, 16 Capítulos e 148 títulos, o trabalho fugiu ao lugar comum e parece-me inédito. Colocou as famílias e os parentes em fatos históricos, políticos e sociais em geral. Muitos causos. Narrativas hilárias. Acontecimentos curiosos. Usos, costumes, hábitos e vícios regionais e locais. Ditos chistosos, replicadas profecias e fraseologias sertanejas.

A multiplicidade das descrições, inclusive com detalhes de cenários, datação, atos correlatos e conhecidos enriqueceu grandemente a produção e são atrativo para o ledor.
O estilo simples, direto, literal e complementado fotograficamente tornam, mais ainda, forma cativante de um passeio descontraído pelas cidades cearenses onde viveram, vivem e viverão as gentes de Erivaldo.

Alguns momentos do livro, sem dúvida, serão mostrados em artiguetes neste espaço.