Hierarquia urbana

Em estudo sobre a hierarquia urbana do Brasil, Fortaleza figura como o terceiro mais importante polo agregador de pessoas em todo o País, perdendo apenas para dois centros reconhecidamente bem maiores em termos populacionais e econômicos: Rio de Janeiro e São Paulo. Referido estudo mostra que a influência de algumas cidades se expande além da jurisdição de seu território, um fenômeno denominado de região de influência urbana, e é exatamente nesse item que está enquadrada a metrópole cearense.

Quinto município mais populoso do País, com 2,4 milhões de habitantes, computados no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Capital do Ceará foi classificada na categoria de metrópole na pesquisa "Regiões de Influência das Cidades" e, com destaque, apontada como principal referência para um conjunto populacional superior a 20 milhões de pessoas.

Até mesmo Recife e Salvador, outras duas grandes aglomerações demográficas do Nordeste, não conseguem atingir o elevado patamar fortalezense, a despeito dos séculos de tradição de ambas as urbes como fortes referências regionais. A importância local decorre do fato de Fortaleza estruturar sua rede de influência com pilares na qualidade dos serviços públicos e privados que oferta.

Além da população cearense em si, também são atingidos, pela mencionada influência, milhões de habitantes distribuídos pelos Estados do Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte. As áreas de influência dos 12 maiores centros demográficos do País tiveram seu delineamento a partir da intensidade das ligações existentes entre as cidades. Dentro das redes estudadas, foram procedidas análises sobre as distâncias percorridas pelas populações para ter acesso a determinados serviços considerados essenciais.

Também é citada, na pesquisa, a presença de órgãos do Executivo, do Judiciário, de grandes empresas, de oferta de ensino superior de alto nível e de domínios de Internet, além de áreas de cobertura das emissoras de televisão, oferta de serviços bancários e a diversidade nos setores de atividades comerciais e de serviços. Dentre as finalidades principais do estudo, encontra-se a busca de subsídios fidedignos para o planejamento estatal em relação a empreendimentos econômicos e sociais.

Apesar de carências em vários setores, agravadas pelos problemas de mobilidade urbana; deficiências flagrantes em algumas áreas de serviços; ocupação indevida de espaços públicos; demora na execução de obras essenciais e processo de deterioração em logradouros públicos, não se pode negar a força de Fortaleza como metrópole de poder de agregação, cuja imagem prevalece sobre seus pontos negativos. Há sempre consciência de que os transtornos e percalços locais têm razoável viabilidade quanto à sua solução, até pela extraordinária capacidade de resistência e de superação tão característica do caráter cearense.

As mudanças urbanas de grande porte, ora em curso, a maioria delas com vista à realização da Copa Mundial de Futebol, em 2014, podem favorecer a privilegiada posição hierárquica de Fortaleza como terceiro polo demográfico mais importante do País, caso tudo corra com a eficiência que a sociedade espera dos responsáveis pela gerência dos destinos municipais. Essa evidência deve ser seriamente considerada, sobretudo às vésperas de novas eleições, por se saber o quanto os próximos anos serão importantes na preservação do relevante destino que o espírito empreendedor do fortalezense construiu para sua Capital.