Fome e miséria

Muito se tem falado e discutido sobre o tema - fome e miséria em nosso País e, particularmente, quais os programas governamentais empregados pelo poder central visando-se combate efetivo à fome e miséria em nosso Brasil, particularmente, na região nordestina. Mercê de pesquisa e estudo realizados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), ficou comprovadamente constatada as lacunas expostas ao combate à fome e miséria, faltando-lhe a continuidade dos mesmos, nos últimos l5 anos, bem como a ausência de alternativas estratégicas outras com o propósito final de sucesso. E mais: em recente relatório apresentado na Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Uncta), amplamente divulgado por toda a mídia nacional, alguns dados ressaltados chocaram o povo brasileiro. Vejamos tais dados: a cada 3,6 segundos, uma pessoa morre de fome no mundo, numa cifra final no globo de um bilhão de seres humanos passam fome, vivem abaixo da linha de pobreza; 50 milhões de pessoas, indivíduos, sofrem do flagelo da fome e desnutrição na América Latina e no Caribe, ou seja, aproximadamente, 10% da sua população e pasmem: os países da região com maior insuficiência alimentar de seus habitantes são pela ordem: Haiti, Nicarágua, Honduras e Brasil, embora, nos últimos 15 anos, a pobreza extrema no Brasil baixou de 40% para 30%.

Como se explicar tal realidade em nosso País, ante às potencialidades naturais? A Organização das Nações Unidas (OEA) afirmou recentemente que o Brasil, até o ano de 2020 poderá ser o celeiro alimentar do mundo, justificado na dimensão continental deste País.

Em se tratando da pobreza brasileira, os estudiosos e pesquisadores afirmam que não existem dificuldades em relação à oferta alimentar, face o Brasil exportar grandes volumes de grãos para todo o mundo e, particularmente, pelo crescimento do agronegócio na região nordestina que hoje exporta milhares de toneladas de frutas tropicais e regionais para todas as partes do mundo, batendo recorde a cada ano.

O foco central da pobreza passa, segundo estudos e pesquisas, pela aviltante concentração de renda nas mãos de uma minoria, levando a camada pobre a desníveis cada vez maiores, evidenciando que aumenta a insegurança alimentar, sobretudo, nas regiões metropolitanas dos grandes centros urbanos, pobreza passando a morar em favelas improvisadas sem a mínima condição humana à sobrevivência.

Essa realidade se torna mais vergonhosa nas capitais nordestinas, onde as diferenças regionais acumulam 50% da população pobre brasileira. A grande verdade é que o Nordeste continua vivenciando o flagelo centenário da fome, miséria, falta de moradia, emprego, renda, saneamento básico, escola fundamental, oportunidades de melhoria de vida, justificados pela falta de uma política contínua de combate à fome e miséria, através do envolvimento do próprio homem como agente deste tão sonhado desenvolvimento. Para o escritor e conferencista falecido e paraibano - Celso Furtado ´O nordestino atingirá índice de crescimento a partir do momento em que os programas governamentais deixarem de ser assistencialistas e assumirem a postura firme de envolver o homem nordestino como agente maior do seu próprio desenvolvimento´.

O grande contraste brasileiro, apesar de sermos um país exportador de toneladas de grãos para o mundo, contudo, a nossa população passa fome pela falta de uma permanente e decidida política de inclusão social.

João Gonçalves Filho (Bosco)
Administrador de Consórcio