Filosofia da fome

Recentes estudos pontuados pela Organização das Nações Unidas, uma equipe de cientistas políticos, sociólogos e filósofos humanistas divulgou um amplo e extenso relatório sobre o que seja a "filosofia da fome", noutras palavras, porque admitir-se que, no mundo hodierno, 15 milhões de crianças morrem de fome a cada ano, nos países da Ásia, África e América Latina. A fome oculta possui a característica em que o indivíduo não ingere a quantidade mínima de calorias diárias, resultando em desnutrição ou subnutrição, que assola mais de 800 milhões de pessoas, em todo o mundo. Como consequência natural, fragiliza a saúde, tornando as pessoas mais acessíveis às doenças e por levá-las à morte. Para o Banco Mundial, a "globalização parece aumentar a pobreza e a desigualdade". Os custos de ajustamento das economias dos países globalizados são suportados mais pela classe pobre. O balanço social é pífio e está mais focado para o crescimento do PIB que para a melhoria das classes mais empobrecidas, os excluídos sociais, os menos aquinhoados pela sorte. A grande síntese é que o "processo de globalização "está, cada vez mais, concentrado no poder e marginalização do pobre. Numa outra reflexão mais profunda, indagamos: acaso sabemos o que significa passar fome, enfrentar a incerteza sobre o que iremos amanhã ter para comer? Felizmente, não temos uma resposta verdadeira, cristã ou solidária. Temos a certeza, sim, de que vivemos num lastimável mundo de vergonhosos contrastes - afirmou o sociólogo paraibano Celso Furtado. As nossas autoridades governamentais, em sua grande maioria, permitem a existência de um mundo capaz de deixar os necessitados à mercê da própria sorte, justificadas em cenas deploráveis mostradas pela mídia nacional e internacional, como: crianças morrendo à míngua em favelões dos grandes centros urbanos, ao lado de lixões disputados os restos de comida com abutres, lixos, muitas vezes, hospitalares. Urge imediata aglutinação da sociedade para esse "SOS da fome". Ninguém é inocente. Somos todos culpados por não colaborar na quebra do ciclo interminável da pobreza.

João Gonçalves Filho (Bosco) - da academia Limoeirense de Letras