Exemplos danosos

À medida que os recursos tecnológicos evoluem e se tornam sofisticados, mais óbvia e contundente se apresenta a utilização da violência como espetáculo, levando livremente a todas as faixas etárias explosivas demonstrações de barbárie e criminalidade. Faz-se notório que a indústria de uma produção supostamente cultural já identificou a exploração ilimitada do sexo e da violência como um dos principais apelos, senão o maior deles, a ser utilizado para conquistar o público.

Recentes pesquisas revelam que 60% da programação de televisão nos Estados Unidos, bastante massificada pela reprodução em quase todos os países do mundo, inclusive o Brasil, mostram cenas de inaceitável violência, também nos horários reservados a crianças e adolescentes. Psicólogos advertem que esse constante bombardeio visual pode acarretar sérios distúrbios de comportamento, de forma aguda, principalmente entre menores de idade.

Tanto o público jovem quanto o adulto, que absorvem inúmeros conceitos sobre a realidade a partir das imagens que lhes são transmitidas através da televisão, da Internet e do cinema, passam a confundir ideias a respeito de vários aspectos políticos e culturais da atualidade, por causa da escassez de fontes paralelas de informação e conhecimento.

Na década de 1930, Franklin Delano Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, impôs aos meios de comunicação, sobretudo ao cinema, a política do chamado "New Deal", dentro de cuja orientação as produções culturais e artísticas sempre deveriam apresentar temas leves, românticos e com finais felizes. O objetivo era tentar suavizar, junto à população estadunidense, os trágicos efeitos que se seguiram à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, a partir da qual foi detonada uma crise econômica internacional de proporções semelhantes à turbulência que se delineia atualmente. No caso do "New Deal", a realidade era falseada com o propósito de impregnar a nação dos conceitos de esperança e otimismo. Havia, pelo menos, um estímulo baseado em boas intenções. Hoje, ocorre exatamente o contrário: a exploração incontida do sexo e da violência surge como mau exemplo em uma época crucial, quando as crises econômicas, os debacles da política e os conflitos bélicos exaltam os ânimos. Além disso, o clima está agravado pela insegurança crescente nas grandes e pequenas cidades e pelos deploráveis casos de corrupção política que eclodem a cada dia, indistintamente, em vários países, mesmo os mais ricos e civilizados.

A tal ponto chegou esse misto de despudor e brutalidade que até mesmo a propaganda vem sendo contagiada por certos desvios éticos, apresentando aos consumidores, de maneira simpática, personagens de mau caráter, honestidade dúbia, ou sexualmente promíscuos.

Tal exposição indiscriminada de anomalias de conduta faz gerar uma indesejável identificação, entre os mais jovens, e uma espécie de acomodação conivente entre os mais velhos. Tão lamentável quadro requer a deflagração imediata de um processo de reeducação a ter como base o diálogo esclarecedor, a partir da escola e, sobretudo, do núcleo familiar, em que reside a estrutura básica de proteção contra todo tipo de ameaça ao equilíbrio social.