Entrevistas entre vistas

Entre vistas não apaixonadas, pergunta-se: o que vimos afinal no espetáculo de Lula com duas grandes mídias fiéis à esquerda ibero-americana? Mas, independentemente de ideologia - pois haverá ainda um dia iluminado em que se enxergará que a via do progresso e da paz social é para frente e não para os lados - a entrevista, se é que assim pode ser chamada, foi boa para a República? Afirmou seus valores?

Lembremos que no mesmo período, a TV Record entrevistou Fernandinho Beira-Mar. Não há como evitar a comparação: ambos os entrevistados são famosos, poderosos, articuladores, inteligentes e, segundo vários julgados, donos de fichas criminais que, atadas, vão desde o tráfico de drogas e armas pesadas até a corrupção com formação de quadrilha, lavagem e desvio de dinheiro público que serviria mormente para atender os mais pobres.

As cifras são titânicas, de tontear os que creem que "o crime não compensa". Acreditava tão piamente a dupla nessa compensação que nadaram pra longe demais e não mais puderam voltar sãos à praia. Um até mudou o ditado acima: insiste que "o crime não é como pensa".

A bem da República, entrevistas assim só deveriam ser autorizadas se houvesse ganho real e moral para o País. Nada de peitar a Justiça ou insuflar contra os esforços das instituições para ter o país limpo e revitalizado. Entrevista de preso não pode ser manifesto político, ainda mais em desfavor da governabilidade.

Beira-Mar, quem diria, foi muito mais republicano: confessou crimes bárbaros, fez o "mea culpa", contribuiu com informações úteis à apuração criminal e disse que quer se tornar um outro homem e escrever um livro, para que seus erros não se repitam. E salientou: "Falou e não cumpriu, acabou. Cara que não tem palavra não é homem". Entre vistas sãs, das duas entrevistas, esta última, sim, acrescentou algo moral e restaurativo, especialmente aos nossos jovens. Essa eu liberaria.


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