Ensino menos desigual

Oferecer educação pública de qualidade é a forma mais adequada de atenuar as incongruências sociais. O investimento robusto e permanente no ensino amplia a janela de oportunidades para os jovens, expandindo suas chances futuras de qualificação profissional, ganho de produtividade e outras veredas que possibilitam a ascensão social.

No Ceará, essa premissa vem sendo posta em prática e os resultados que surgem se mostram alvissareiros. Além da nítida melhora no desempenho dos estudantes, constatada em diversos exames ao longo dos últimos anos, observa-se também que vem diluindo as diferenças de aprendizagem entre os alunos de níveis socioeconômicos distintos.

Claro que dirimir por inteiro a fresta do acesso educacional existente entre os mais e menos favorecidos financeiramente é um projeto de longo prazo. A herança histórica de discrepâncias aumenta o desafio dos gestores, professores e dos próprios estudantes. Mas, passo a passo, com esforço, o abismo tem se tornado menor.

Conforme informações da edição de 2017 do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgadas pelo Ministério da Educação, o Ceará foi a Unidade da Federação com a menor margem de desigualdade na aprendizagem, considerando os contrastes sociais dos jovens do Ensino Fundamental.

A análise considera a performance de estudantes de escolas municipais, estaduais, federais e privadas do País, em Língua Portuguesa e Matemática, nos 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio.

A redução das disparidades é muito positiva para as metas do Ceará, não apenas as relacionadas à Educação, como também a outras áreas importantes. Na Segurança, por exemplo, os aportes em policiamento ostensivo e inteligência investigativa funcionam muito bem com o paralelo incentivo ao aprendizado nas escolas.

Enquanto esta se dedica a construir paulatinamente uma sociedade que naturalmente tende a expelir a violência, aquelas ações tentam obter resultados imediatos. Em conjunto, essas iniciativas podem, no futuro, alterar a mazela da insegurança, ainda que isso dependa de outros fatores, como o enfrentamento ao crime organizado em âmbito nacional. Apesar dos avanços, os alunos de escolas privadas e federais ainda superam os que frequentam instituições de ensino estaduais e municipais no Ceará, em todas as faixas etárias, segundo o Saeb. Existe, portanto, um longo caminho a ser percorrido até que se alcance o almejado equilíbrio.

O exame aponta que o Ceará foi também o Estado que mais evoluiu em Língua Portuguesa entre 2015 e 2017, no Ensino Médio. Em Matemática, também se registrou progresso. Ainda assim, o Ensino Médio é a etapa que exige aqui mais cuidados, como também ocorre no restante do País.

A evasão escolar nessa fase é uma preocupação constante das autoridades. Com a melhora significativa no Ensino Fundamental, a etapa seguinte, o Ensino Médio, precisa de estruturas física e curricular que possam estimular o estudante e, assim, evitar uma quebra na cadeia do conhecimento.

O Ceará vem colecionando excelentes resultados na Educação e tais avanços devem ser sempre ressaltados. Pela frente, persistem desafios tremendos os quais precisam ser encarados com empenho, a fim de que os estudantes cearenses tenham oportunidades cada vez mais de forma igualitária.