Editorial: União pela reconstrução

Com a obediência ao rito democrático de rodízio de poder, o candidato do PSL Jair Messias Bolsonaro foi eleito ontem presidente da República Federativa do Brasil, derrotando, por maioria de votos, o seu adversário do PT Fernando Haddad, conforme o resultado da apuração divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O escolhido tomará posse no primeiro dia de janeiro do próximo ano.

Ao mesmo tempo, foram eleitos, também em segundo turno, 13 governadores de Estado e um do Distrito Federal.

O calendário eleitoral foi cumprido sem maiores incidentes no País, apesar da polarização ideológica de que se revestiu a campanha eleitoral, sobretudo, no intervalo de vinte dias para o segundo turno. Esse pleito presidencial não pode ter sido considerado acirrado, porque desde o lançamento das candidaturas o nome do candidato vitorioso já despontava nas pesquisas de opinião pública como o preferido pelo eleitor, com ampla margem de vantagem numérica, o que veio a ser confirmado pelas urnas. Nem por isso, deixou de haver a polarização entre as bandeiras partidárias com visões de mundo, anseios e paixões extremadas, as quais poderiam ser configuradas como posições radicais de direita e esquerda.

A polarização poderia ter ensejado debates institucionais mais profícuos e inteligentes sobre a situação nacional, com cada candidato oferecendo propostas exequíveis para os problemas que atormentam o cidadão brasileiro. Infelizmente, aconteceu o contrário. Houve um empobrecimento das discussões e, no lugar de soluções, foram apresentados xingamentos e agressões verbais em cenas deprimentes no horário da propaganda eleitoral gratuita. Aliás, essa propaganda política, pela primeira vez na sua história, se mostrou inteiramente inócua para o desempenho dos candidatos.

O que teve impacto e prevaleceu, na prática, foi a interferência exagerada do uso das mídias digitais na campanha, em especial, do aplicativo WhatsApp que se popularizou pelo baixo custo e que possui cerca de 120 milhões de usuários ativos no Brasil. O aplicativo se tornou a principal fonte de desinformação e notícias falsas entre os candidatos, como ocorreu em 2016, no referendo de paz na Colômbia, e nas eleições de julho deste ano no México. A Justiça Eleitoral brasileira foi tomada de surpresa com a quantidade e a malícia das "fake news" nas redes sociais. Sem condições de contê-las a tempo, mandou abrir inquéritos para apurar as denúncias recíprocas de crimes e infrações. Agora, passada a refrega, questão deverá se arrastar nos Tribunais.

Quando a eleição transcorre regularmente, sem incidentes comprometedores, a primeira vitória é da própria Democracia cujo sistema assegura a alternância do poder pela vontade popular. A decisão soberana das urnas é inquestionável e tem de ser acatada e respeitada por todos os que se envolveram no calor da campanha, a qual propiciou emoções incontidas, temores e exaltação de ânimos. Esta é a hora da conciliação geral. Vencedores e vencidos, deixando de lado as paixões da disputa, devem se unir em prol da reconstrução do País. Investido da legitimidade política para ocupar e exercer o cargo de presidente da República, o eleito encarna a esperança geral de melhores dias através de mudanças que darão novo impulso às transformações sociais e à atualização da agenda econômica.

As instituições democráticas do País estão sólidas e em condições de suportar as turbulências de mais uma sucessão presidencial. É relevante, neste momento, que todos os brasileiros retornem ao ambiente de fraternidade que sempre caracterizou a índole nacional, para que possam usufruir, no governo de Jair Bolsonaro, um tempo de tranquilidade, bem-estar e prosperidade.


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