Editorial: União Nordestina

A região Nordeste tem demonstrado capacidade de levar adiante ações sistemáticas em prol da articulação política entre seus estados. O esforço oportuno objetiva alinhar demandas de interesse comum a serem levadas ao Governo Federal. Dialogar com o Planalto é fundamental para garantir investimentos prioritários na Região, dada a disputa por recursos com outras unidades da Federação e a necessidade de superar impasses políticos.

Os governadores nordestinos têm realizado encontros periódicos, para discutir pautas diversas, e já trataram, em grupo, com o presidente da República. Reforma da Previdência e o futuro do Banco do Nordeste estão entre as questões que já mereceram apreciação coletiva. O grupo, por ocasião de anúncios feitos pelo Governo Federal, pediu que fosse revisto o bloqueio de 30% no orçamento das universidades e dos institutos federais; e solicitou a prorrogação e ampliação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Da reunião mais recente, na semana passada, no Maranhão, saiu uma carta em que se expressou o reconhecimento "da necessidade das reformas da Previdência, tributária, política, e também da revisão do pacto federativo. As energias devem ser canalizadas para o escrutínio das divergências e o aperfeiçoamento das ações, de modo que todos sejam beneficiados, evitando-se a armadilha do divisionismo que tem acirrado os ânimos e paralisado a nação".

Também foi produzido, na ocasião, o protocolo que cria o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste). Por meio dele, os nove estados da Região se comprometem com o desenvolvimento de diversos projetos conjuntos, incluindo parcerias econômica, política, infraestrutural e educacional.

Um dos 10 pontos elencados pelo Consórcio Nordeste para balizar sua atuação é incrementar força política, buscando ter mais peso nas decisões nacionais.

Recentemente, foi a vez de presidentes de Assembleias Legislativas do Nordeste se congregarem em torno de interesses em comum. O encontro também resultou em documento, assinado por representantes de sete estados (Pernambuco e Rio Grande do Norte estiveram ausentes), reunindo pautas comuns àquelas unidades federativas.

O ParlaNordeste - como foi batizada a reunião - pretendia, como ato político, contribuir para a sensibilização do Governo Federal em relação a pautas como a reforma da Previdência (em especial, no que toca as aposentadorias rurais) e obras contra a seca.

Agir em bloco pode ajudar os estados a contornarem dificuldades locais. O Ceará, deve-se lembrar, tem sofrido com a redução do volume de repasses do Governo Federal, por meio de convênios. Os índices do primeiro quadrimestre são os mais baixos, se comparados aos de iguais períodos dos últimos cinco anos. As áreas de Segurança, Educação e Saúde foram as mais afetadas - exatamente aquelas consideradas como prioritárias pela população.

As articulações interestaduais se somam à atuação de parlamentares em Brasília. Merecem atenção da população e das lideranças políticas de cada estado, para garantir que sejam, de fato, representativas dos anseios da Região.


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