Editorial: Saúde pulmonar

Com o crescimento das cidades e o ritmo lento de substituição dos motores a combustão, o ar que se respira passou a representar riscos à saúde. Nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar contaminado, de acordo com relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS). As mortes globais por conta do problema chegam a 7 milhões ao ano (50 mil delas, no Brasil).

Ainda que possa, e deva, contribuir para a redução de emissão de poluentes na atmosfera, o cidadão comum tem pouco a fazer para evitar a inalação de ar poluído. Há, contudo, outras formas de evitar problemas de saúde pulmonar. Uma delas é evitando o consumo de tabaco.

O fumo é um importante fator determinante para a sanidade respiratória dos indivíduos. Os riscos de seu consumo são altos e as consequências são vistas no número de doenças que provoca ou potencializa. Atualmente, o tabagismo é o responsável direto por 65% de todas as mortes por câncer de pulmão nas Américas.

O hábito costuma começar na juventude, pois o cigarro ainda é associado a signos como a rebeldia, valorizados nessa faixa etária. Droga lícita, o fumo tem seu acesso facilitado e anualmente conquista milhares de novos adeptos no País. Quem vive às voltas com ele, em muitos casos, precisa de reiteradas tentativas para abandoná-lo.

Como os poluentes do ar, o cigarro ameaça a saúde não apenas daqueles que a emitem. Familiares e amigos costumam se tornar fumantes passivos e desenvolverem, eles também, enfermidades catalisadas pelo fumo. No entanto, mudanças legais têm contribuído para a redução do número de fumantes no Brasil. Leis que restringem os locais no qual o cigarro é permitido, regulação da publicidade dos produto e campanhas educativas têm obtido resultados positivos.

O percentual de adultos fumantes no Brasil apresenta uma tendência drástica de declínio, sobretudo nas duas últimas décadas, em função das inúmeras ações desenvolvidas pela Política Nacional de Controle do Tabaco. Em 1989, 34,8% da população brasileira maior de 18 anos era fumante, segundo dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Queda expressiva nos números foi observada, em 2003, como registrado na Pesquisa Mundial de Saúde (PMS). O percentual então averiguado foi de 22,4 %. Cinco anos depois, conforme a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab) este percentual era de 18,5 %.

Os dados mais recentes disponíveis datam de 2013, a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que registrou o percentual total de adultos fumantes no Brasil em 14,7%.

Em 30 anos, o índice de fumantes no País foi reduzido em quase 50%; estimando-se que, com esta mudança positiva, meio milhão de mortes foram evitadas no período. A conta tem um duplo saldo positivo: social, como avanço de medidas preventivas de saúde pública; e econômica, pois dá sua contribuição para amortecer a pesada conta do Sistema Único de Saúde, sobretudo no momento que o Brasil busca conter suas despesas e retomar o crescimento.

Os riscos do fumo, ativo e passivo, já foram suficientemente bem documentados para que ele seja evitado. Deixá-lo de lado é um investimento seguro, tanto para a própria saúde quanto para o bem-estar coletivo.


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