Editorial: Saúde e cooperação

As rusgas políticas, econômicas e ideológicas fazem parecer que o entendimento entre as nações é uma utopia irrealizável. Por isso, merecem atenção os esforços internacionais que articulam povos em todos os continentes e fazem lembrar que o gênero humano é um só e que boa parte de seus interesse deveria ser convergente. Um bom exemplo dessa prática é o papel desempenhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Uma das ações mais recentes do organismo internacional foi o lançamento, em março, de uma estratégia global de controle da influenza para o período que se estende até 2030. A ameaça é global, e um combate eficiente dela só pode ser pensado em escala igualmente planetária, com a colaboração entre nações.

A nova estratégia tem por objetivos: prevenir a influenza sazonal, controlar a transmissão da gripe de animais para seres humanos e se antecipar nos preparos para uma próxima pandemia da doença. Para tal, os membros da OMS concordam com a importância de desenvolver mecanismos eficientes para prevenir, detectar, controlar e tratar a gripe, como campanhas de vacinação, remédios antivirais e tratamentos mais eficazes, tornando-os acessíveis a todos os países.

Segundo o Ministério da Saúde, já em 2019, foram notificados 255 casos de influenza no Brasil, com 55 óbitos. No mundo, o número de casos chega a um bilhão, resultando em cerca de 650 mil mortes. A medida mais eficaz para prevenir a influenza grave e suas complicações é a vacinação.

No Brasil, uma ofensiva do gênero está em curso. O Ministério da Saúde lançou uma campanha contra a influenza, com a expectativa de vacinar 58,6 milhões de pessoas, em 5.570 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas, até o fim de maio. Os grupos prioritários foram escolhidos a partir de orientações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da OMS. No Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado projeta vacinar, neste ano 2,5 milhões de pessoas.

Entre os dias 10 e 18 de abril, os postos de saúde priorizarão gestantes e as crianças de seis meses a menores de seis anos (5 anos, 11 meses e 29 dias). São grupos mais vulneráveis às complicações causadas pela doença e, por isso, precisam de atenção especial. A partir de 22 abril, a cobertura para os demais públicos-alvo da campanha: puérperas, profissionais da área de saúde, povos indígenas, pessoas idosas, professores, pessoas com doenças crônicas e outras categorias de risco clínico, como a população privada de liberdade. O dia D de mobilização será em um sábado, 4 de maio. Na data, postos de vacinação de todo o País estarão abertos.

Ações do tipo exigem comprometimento coletivo, que põe de lado as desavenças e diferenças políticas, tão turbulentas em nossa sociedade. As nações entre si precisam agir de forma conjunta; há também um imperativo para que cada país, internamente, coordene suas ações com as demais unidades administrativas (estados e municípios, no caso brasileiro). Aos cidadãos, cabe a consciência e atender ao chamado. A imunização tem efeito não apenas individual, pois ajuda a frear a proliferação da doença e contribui para a construção de ambiente coletivo mais saudável.


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