Editorial: Qualificação e segurança

O Estado do Ceará, por meio do Sistema de Atendimento Socioeducativo, anunciou já ter engajado em ações de qualificação profissional este ano 1.753 jovens internos de 16 centros socioeducativos. Na condição de cumpridores de medidas restritivas, participaram de 146 iniciativas do gênero. Os números indicam, então, mais de 16 atividades por mês, reunindo, em média, 194 rapazes e moças em cada mês, ao longo deste ano.

Não é pouco, considerando dois elementos fundamentais: o primeiro é o caráter de recolhimento que o sistema atribui a jovens em conflito com a lei, que o afasta das famílias, da escolas, dos amigos; o outro é a reorientação devida pela sociedade, pela via dessas instituições educacionais, a condutas que, por razões várias, estavam sendo desviadas do sentido cidadão.

O ensino profissional proporcionado pelo Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo no Ceará é viabilizado por parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), entidade do setor privado que há 76 anos presta serviços inestimáveis às empresas e aos empregados do comércio, que estabelece evidentes repercussões positivas para relações sociais e econômicas, e outras organizações civis.

Esse programa contempla cursos de curta duração e de longa duração, incluindo os de cabeleireiro, informática básica, modelista, gastronomia, textura e pintura em parede, barbearia, conserto e manutenção de computadores e  manutenção de smartphones, entre outros.

É o melhor dos mundos? Não, certamente. Deve-se admitir que falta muito a se fazer, não só no campo correcional, mas também na garantia de possibilidades reais que previnam o desvio.

Melhor mesmo seria que não houvesse demandas assim, ou que determinados jovens tivessem acesso a formas de profissionalização sem precisarem ter de passa pelo perigoso terreno da ilegalidade e pelo complexo campo da punição. Presente e futuro pode ser moldados, é obvio - depende apenas de quem o faça e da boa vontade e da responsabilidade de fazê-lo.

Tomando outro foco, o Estado divulgou também que no mesmo período - janeiro a setembro últimos - conseguiu-se reduzir 52,3% do índice de Crimes Violentos Letais Intencionais no Ceará em comparação com igual intervalo do ano passado. Teriam sido evitadas, conforme os órgãos locais de Segurança, 1.830 mortes em delitos.

Nas contas oficiais, Fortaleza anotou 63,3% de redução, diminuindo de 120 para 44 os registros de homicídios. Na Região Metropolitana, o decréscimo foi de 108 ocorrências para 64. É admissível, então, que o tema encontre espaços para estudos nos ambientes acadêmicos e em outros meios especializados.

São, portanto, duas frentes distintas, mas ambas com foco na segurança e nos direitos do cidadão. É adequado avaliar que há nesse cenário uma soma de esforços, recursos financeiros, soluções tecnológicas e estratégias profissionais. E, porque não?, de muitos sacrifícios.

Não cabe ainda afirmar que se encontrou uma solução para o problema, mas é pertinente avaliar que está se mirando na direção certa. 


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