Editorial: Prevenção necessária

Alerta dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), acerca das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) curáveis, parte de pesquisa atualizada, que estima em mais de 1 milhão de novos casos por dia, entre pessoas de 15 a 49 anos. A conta anual é de 376 milhões, levando em conta quatro infecções mais comuns – clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis.

O contato sexual sem proteção é a principal forma de transmissão dessas doenças. Elas também podem ser transmitidas de mães para filhos durante a gravidez e o parto. No caso da sífilis, o contágio ainda se dá pelo contato com sangue ou produtos sanguíneos infectados e uso de drogas injetáveis.

A avaliação da agência internacional é que há uma relativa falta de progresso nas tentativas de frear a propagação de infecções sexualmente transmissíveis no mundo. Comparados aos últimos dados publicados, sete anos atrás, as taxas de infecções novas ou já existentes não apresentam declínio. Em média, 1 em cada 25 pessoas no mundo tem, pelo menos, uma dessas ISTs.

O fato de certas ISTs serem curáveis é, muitas vezes, interpretado de forma errônea, minimizando seus riscos para a saúde e abrindo caminho para condutas irresponsáveis que podem levar à contaminação. Se não forem tratadas de forma adequada, o mais rápido possível, essas doenças podem provocar sequelas graves e levara males crônicos, caso de doenças neurológicas e cardiovasculares, infertilidade, gravidez ectópica, natimortos e aumento do risco de infecção pelo HIV. 

A sífilis pode ser fatal durante a gravidez: tem taxa de morte anual de 200 mil casos, entre natimortos e óbitos de recém-nascidos. É uma das principais causas de perda de bebês no mundo. A pesquisa mostra que, em adultos de 15 a 49 anos, há cerca de 156 milhões de tricomoníase; seguidos de 127 milhões, de clamídia; 87 milhões, de gonorreia; e 6,3 milhões, de sífilis.

Traço comum a essas infecções é o fato de estarem associadas a níveis significativos de estigma e violência doméstica. É um indicativo de que as condições de vida precárias que contribuem para o quadro. As ISTs podem ser evitadas por meio de práticas sexuais seguras, como o uso correto de preservativos. Para tal, são fundamentais ações sistemáticas de educação sobre saúde sexual, campanhas de conscientização e acesso a serviços médicos, para detecção e tratamento ágeis das enfermidades.

Para se mudar o quadro e reverter a tendência de crescimento, seriam necessários esforços conjuntos, a fim de garantir a todos os cidadãos, em todos os países, acessar os serviços sanitários e clínicos necessários para prevenção e tratamento dessas doenças debilitantes. As colaborações – entre países e regiões internacionais e, no contexto dos países, envolvendo todas as instâncias da administração pública – potencializam pesquisas para fortalecer a prevenção, melhorias da qualidade do atendimento e desenvolvimento de novos tratamentos, bem como para gerar investimentos para produção e distribuição massiva de vacinas. 

O mais importante, contudo, é a conscientização individual. A adoção de hábitos íntimos responsáveis, consigo mesmo e com o parceiro, é a garantia de se ver livre dessas enfermidades.


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