Editorial: Perspectivas do comércio

O comércio é um dos principais mecanismos da economia, se não o mais importante - ou a própria essência da economia. Está presente nas movimentações das indústrias, das instituições bancárias, nas múltiplas áreas dos serviços, no turismo, na transformação, nas manufaturas e no agronegócio, só para citar algumas referências da sociedade. É também tema de estudos e de saberes populares, com representações no mundo político. 

Com o fortalecimento dos meios digitais, que agora alcançam todas as modalidades das relações humanas, estão criadas novas perspectivas e ferramentas das interações comerciais que, desde a migração do escambo para a instituição das moedas, verdadeiramente revolucionaram os sistemas. 

Pode-se dizer, então, que o comércio é uma medida histórica e cultural. Conta-se, por seu intermédio e por suas tradições, a trajetória das transformações que as civilizações traçaram nos mapas do mundo e do tempo. E, nessa função, a humanidade tem buscado, a partir dos princípios de sua organização, estratégias que possam mantê-lo além das instabilidades que eventualmente se verificam nos mercados.
 
Fizeram-se guerras pelo comércio, assim como fez-se e faz-se a paz. O comércio está presente nas modestas feiras livres do interior, do mesmo modo que domina as intrincadas e complexas bolsas de valores e as delicadas interações entre países. 

É por isso que devem ser observadas com atenção as articulações respectivas à chamada Black Friday (“Sexta-Feira Negra”, em tradução literal do Inglês), marcada para o mês que vem e em torno da qual já se mobilizam especialistas de segmentos diversos. A Black Friday, em geral realizada na quarta sexta-feira de novembro, se define como marco para o comércio eletrônico, mas chega também às lojas físicas. 

Surgiu nos Estados Unidos como uma prévia para as compras natalinas, ocupando lacunas entre datas tradicionais e visando a estimular consumidores e a dar suporte a empreendedores. Atualmente, vem acumulando êxitos em todos os quadrantes do mundo - e, por isso, não se faz diferente no Brasil e no Ceará.

Pesquisa realizada por uma plataforma de buscas de conteúdos na internet, divulgada esta semana, indica que a intenção de compras dos internautas brasileiros na Black Friday de 2019 aumentou 58% com relação ao que se obteve efetivamente em 2018. É um salto significativo. Não apenas por mostrar um aquecimento pontual, mas por apontar para a recuperação da economia como um todo. É legítimo, então, considerar dado desse calibre como indício de um interessante momento, podendo revelar uma auspiciosa e desejada retomada do crescimento, com repercussões necessárias e justas na geração de emprego, renda e tributos. 

O levantamento informa, ainda, que 69% dos consumidores já estariam certos do que pretendem comprar, aguardando somente oportunidade adequada para a transação, e planejando gastar em média, cada um, R$ 1.330,00. 

As possibilidades são verdadeiramente positivas. No entanto, mais do que modismo ou advento da modernidade, é preciso que sejam vistas sob os ângulos do respeito às demandas econômicas e, tanto quanto, do respeito aos direitos dos consumidores. 


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