Editorial: O remédio é a educação

São extremamente preocupantes as taxas de desemprego no País. Há um quadro recessivo que extrapola conceitos partidários ou ideológicos, mas que não deixa de ter reflexos políticos, uma vez que afeta a economia e, portanto, o cotidiano dos cidadãos. É uma cena que tem repercussões graves nos negócios internos e externos do Brasil.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por intermédio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), revelam que o índice de desemprego cresceu em 14 das 27 unidades da Federação no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado. E, diferentemente do que se pode desejar, não foi registrado recuo nos 13 outros estados, mas permanência em níveis estáveis.

As maiores altas da taxa de desemprego foram verificadas no Acre (de 13,1% para 18%), Goiás (de 8,2% para 10,7%) e Mato Grosso do Sul (de 7% para 9,5%).

O Ceará se orientou no contrafluxo dessa maré e anotou decréscimo, passando de 12,8% para 11,4% nos períodos comparados. É uma sinalização que causa certo alento, assim como o que registraram Pernambuco (de 17,7% para 16,1%) e Minas Gerais (de 12,6% para 11,2%), considerando as fragilidades da economia local, em geral afetada por condições distintas entre investimentos públicos e privados nas regiões e, tanto quanto isso, por situações climáticas, como a seca que costuma afetar o Nordeste e parte do Sudeste.

O desemprego não é o único elemento que oprime a economia. Há, por exemplo, a taxa de subutilização, referente aos trabalhadores que estão desempregados, trabalham menos do que têm capacidade e que estavam disponíveis para atuar, mas não lograram procurar emprego. No primeiro trimestre deste ano, conforme o IBGE, esse indicador alcançou a maior faixa da série histórica, que se iniciou em 2012, em 13 das 27 unidades da Federação, com 25%.

As taxas de subutilização mais pesadas foram registradas no Piauí (41,6%), Maranhão (41,1%), Acre (35%) e Paraíba (34,3%). No Ceará, chegaram-se a 31,9%.
É diante de um cenário assim, tão complexo e traumatizante, que os brasileiros se põem a enfrentar os desafios da conquista do crescimento compartilhado, do estabelecimento da igualdade de oportunidades, da diminuição dos desníveis sociais e de desacerto históricos que entravam o tão almejado desenvolvimento. O desafio é recuperar o tempo e a competitividade perdidos.

Para isso, há políticas que são chaves eficientes e foram sobejamente experimentadas em outras nações. Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e China estão nesse rol, com vivências exitosas em tópicos desse gênero. Essas estratégias, sem dúvida, estiveram contidas em planos educacionais que abriram perspectivas e ofereceram chances equivalentes a pessoas de estratos distintos. 

Escolhas como o ensino superior de qualidade, assim como a formação técnica bem fundamentada, direcionada para demandas reais, são provas e testemunhos de que a transformação só se dá pelo conhecimento.

Por estes dias, quando o tema da educação ganha volume, voz e personalidade nas ruas, nos corações e nas mentes, é essencial que não se perca o fortalecimento de vista.


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