Editorial: O que cabe à sociedade

No Brasil, já se vê serem adotadas medidas preventivas quanto à ameaça da pandemia do novo coronavírus. A China, onde foram registrados os primeiros casos da doença respiratória, adotou rapidamente medidas restritivas, para evitar que o contágio fosse facilitado.

Na Itália, quando a crise de saúde pública se instaurou no país, o governo pôs parte de seu território em quarentena e, pouco tempo depois, estendeu o isolamento para todas as suas províncias. Nada tão drástico foi posto em prática, e a sociedade aguarda posições claras de seus governantes sobre como proceder.

Situações como a que o mundo vive exigem comportamentos responsáveis e iniciativa de seus cidadãos e instituições, públicas e privadas. A oportunidade se antecipar ao problema, minimizando seus prejuízos sociais e econômicos, não deve ser ignorada. Enquanto países como a Coreia do Sul e nações europeias diversas foram tomadas de assalto pela doença, a se disseminar de forma rápida em seus territórios, a geografia retardou sua chegada e avanço pelo Brasil. A vantagem não é apenas temporal, mas ainda de dispor de exemplos de ações preventivas adotadas em diversas partes do mundo.

Tem se alertado para a importância de reduzir os contatos interpessoais, evitando situações de aglomeração e ambientes fechados; e de medidas higiênicas, como a de lavar as mãos com regularidade, evitar contato das mãos com olhos e mucosas e, principalmente, com regiões que possam ter sido contaminadas. São medidas válidas para evitar outros males, mas que nem sempre são observadas com a devida necessidade.

Evidentemente, por mais grave que seja, uma crise do gênero não pode paralisar uma sociedade. Mesmo num contexto de guerra - e o atual, não é tão extremo quanto a situação de um conflito bélico -, a vida social segue, pelo fato mesmo de ser imprescindível. Com isso, não se deve achar que as atividades devam seguir, sem qualquer cuidado ou assumindo riscos desnecessários.

As organizações precisam pensar em suas operações, nos ajustes que podem e devem ser feitos no caso de a pandemia se instaurar no Brasil, como já aconteceu em outras partes do planeta. Tal procedimento é importante para reduzir outro impacto do coronavírus, no caso, sobre a economia no País, já afetada pelo cenário internacional e pelas instabilidades nacionais.

O senso de colaboração das instituições é fundamental, alinhado com o respeito às orientações das autoridades de saúde do País. Há de se pensar em colaboradores e no público; ponderar sobre o presente e no que é melhor para o futuro próximo. Em muitos casos, a tecnologia será importante para fazer superar, de forma segura, as limitações da distância física. Algo que, mesmo em tempos de calmaria, o mundo vive de forma cada vez mais frequente.

O momento deixa claro o quão é fundamental alimentar o senso de comunidade, contra a disposição para a polarização, tão característica deste momento político transnacional. A palavra de ordem é a colaboração, a responsabilidade solidária, o autocuidado e o cuidado com o próximo. Isso inclui todos os setores da vida social.


Assuntos Relacionados