Editorial: O otimismo e o consumo

O comércio é o setor produtivo mais otimista em relação ao aumento das vendas para o Dia dos Pais em 2019. O dado foi apurado por uma pesquisa de instituição privada que acompanha o desempenho da economia e afere a dinâmica do crédito. Há, nessa expectativa, uma tendência que vai muito além da mera atitude de satisfação, mas uma leitura importante do que se sucede nos âmbitos que envolvem os empreendedores, os empregados e os públicos distintos.

A apuração, denominada “Pesquisa Perspectiva Empresarial”, destaca que 49% dos entrevistados esperam crescimento nas vendas, em comparação à data do ano passado, enquanto outros 29% esperam vendas nos mesmos patamares e 22%, em sentido oposto, preveem um cenário de queda nas vendas.

Não seria exagerado dizer que, seguindo uma tendência que se verifica em outros países, o brasileiro estaria se reencontrando com sua capacidade de consumir. E isso é muito relevante, tendo em vista as necessidades que a sociedade tem. É uma sinalização de que a crise é contornável e de que, com os estímulos adequados, o cidadão pode estabelecer recursos para sanar dificuldades. Não se trata de gastança ou de consumir por consumir, mas de celebrar um marco tradicional, de congraçamento familiar, que repercute em ângulos diversos. 

Já é clássica a definição de que as atividades comerciais são os termômetros mais confiáveis nas medições dos humores da economia. Se o comércio flui bem, isso significa que o consumidor está com mais dinheiro no bolso e com mais interesse em gastar, o que faz girarem os mecanismos do mercado – entre os quais os que se referem à criação e à manutenção dos empregos.

Nos cenários do Estado e da Capital, abrem-se possibilidades positivas. Primeiramente, pela importância do comércio na economia – segundo dados oficiais, as atividades comerciais e de serviços compõem mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, que é a soma de tudo o que se produz localmente. Depois, pelos reflexos que se fazem notar em todos os elos da cadeia produtiva, num ciclo virtuoso que pressupõe qualificação e capacitação para a iniciativa privada e mais receita para a instância pública.

Uma dessas possibilidades diz respeito a um elemento vital, mas que vem sendo comprimido por circunstâncias desfavoráveis em conjunturas diversas: o emprego. A pesquisa indica que 12% dos empresários do comércio planejam contratar mais mão de obra. Esse viés chega a 17% entre os da indústria e a 15% no setor de serviços. 
Diante das necessidades urgentes, não é ainda o melhor contexto, até porque o estudo referente ao Dia dos Pais aponta que a maioria dos empresários não planeja contratar mais funcionários por conta da movimentação extraordinária: 88% do comércio, 83% da indústria e 85% de serviços descartam a motivação para agregar mão de obra.

A pesquisa foi feita entre maio e junho últimos, com mais de 500 respondentes, representantes de empresas clientes e do mercado em geral, dos segmentos do comércio, indústria e serviços e dos segmentos micro, pequena, média e grande empresas. Foi considerada uma margem de erro de 4%, com 95% de grau de confiança.