Editorial: O desafio da recuperação

O Governo Federal tem repetido um prognóstico que ecoa em diversos setores da sociedade, nas mais diversas tendências políticas: a necessidade da confluência de forças para que o Brasil debele a crise econômica em que está mergulhado, pelo menos, desde 2015. Crise que sofreu influência e influenciou outras turbulências, nos campos sociais e, sobretudo, político.

Nos primeiros dias da gestão de Jair Bolsonaro, em parte, mantém-se o tom adotado durante a campanha eleitoral e o período de transição. O discurso do presidente e de parte de sua equipe ministerial não encontra unanimidade em sua recepção, com reações entusiasmadas de seus defensores e críticas ácidas dos opositores. O futuro é, por natureza, o território das incertezas; mas diante dos desafios que se impõem aos novos gestores, seus resultados são ainda mais nebulosos.
Neste cenário, é possível ter uma dimensão do significado da reação positiva do mercado financeiro diante da ascensão do novo governo. No dia seguinte à posse, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçando suas ideias para o setor no País, o dólar fechou em queda. A moeda norte-americana caiu 1,69% ante o real, que encerrou o pregão cotado a R$ 3,8087.A Bolsa de Valores oficial do Brasil, a B3, abriu o ano com alta de 3,56%.

O otimismo do mercado é uma aposta que as mudanças implementadas surtirão efeitos positivos, garantindo aos investidores, domésticos e estrangeiros, estabilidade econômica e segurança jurídica. Ainda que nem tudo se desenvolva no mesmo ritmo, bons tempos para o mercado devem refletir na recuperação do País no que toca à necessária geração de empregos.

O desemprego é um dos problemas mais graves enfrentados pelo Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País conta com mais de 12 milhões de desempregados. Em novembro, o último computado pela pesquisa até o momento, o Brasil registrou criação líquida de 58.664 vagas formais de emprego, no melhor dado para o mês desde 2010, segundo a série histórica do extinto Ministério do Trabalho (na nova configuração administrativa do Governo Federal, as funções da Pasta foram distribuídas entre os ministérios da Cidadania, da Economia e da Justiça e Segurança Pública).

Se a reversão do quadro atual, e consequente criação de novos postos de trabalho, é tarefa para a equipe econômica, com apoio do mercado, seus efeitos se espraiam para as mais diversas áreas, exercendo influência direta sobre a insegurança pública, a saúde e a educação, dentre outros setores. O que implica na necessidade de mais ações e investimentos da União em cada uma dessas áreas. Enfrentar o desemprego, portanto, é um imperativo para uma gestão que promete botar nos eixos as contas da União.
À frente da Economia, Guedes defende a abertura da economia, privatizações, simplificação de impostos e uma urgente Reforma da Previdência, além da descentralização de recursos para estados e municípios. Executar cada um destes planos é tarefa que exige articulação, habilidade política e, diante das incertezas, ressalte-se, capacidade de improviso.


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