Editorial: Na linha do Metrofor

Remonta ao fim da década de 1980 as primeiras movimentações políticas e administrativas no sentido de modernizar o sistema de trens metropolitanos na Grande Fortaleza. As obras do Metrofor tiveram início há duas décadas. Os prazos estabelecidos para conclusão dos trechos foram continuamente postergados. Passaram-se quase 20 anos desde o início da primeira obra para dar à Região Metropolitana de Fortaleza uma nova opção de transporte público. A Capital ainda vive às voltas com obras de grande porte, para construção de estações, e intervenções subterrâneas e na superfície.

O número de passageiros do transporte metroferroviário na RMF teve crescimentos expressivos nos últimos quatro anos. Metrô, trem e Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) são mais do que alternativas para parte de seus usuários. Constituem-se como os modais prioritários que, quando funciona a contento, faz com que se ganhe tempo no percurso em geral demorado entre as cidades por eles conectadas. 

Entre 2015 e 2018 (o último ano com dados consolidados), a Linha Oeste teve um acréscimo de 26% na quantidade de passageiros transportados. O segmento liga Fortaleza e Caucaia. Intensificou-se ainda mais o fluxo entre a Capital e Maracanaú, trecho que corresponde à Linha Sul. O aumento chegou a 84%. A agilidade do transporte é um dos grandes atrativos, em especial entre distâncias maiores e nos horários de pico, quando os automotivos precisam enfrentar demorados engarrafamentos.

Mas um dado merece destaque. A Linha Sul, maior em operação no Ceará, transporta diariamente uma fração do que se projetava para ela, quando de sua inauguração. O segmento é também o mais antigo. Começou a operar em 2012, quando o Metrofor deixou de ser apenas o sinônimo de obras que pareciam infindáveis. Quando integrada às demais linhas e ao sistema de ônibus transportaria, esperava-se que cerca de 350 mil pessoas passassem por ela todos os dias. Sete anos depois, o número real é bem mais modesto, correspondendo a 9,7% daquela estimativa.

Entre idas e vindas, de projetos apresentados, abandonados e redesenhados, o Metrofor ainda tem muito chão pela frente, até que suas linhas conectem municípios da RMF e contornem o trânsito cada vez mais pesado destas cidades. Trata-se de projeto de mobilidade que beneficia, em especial, os trabalhadores. A melhor das hipóteses é de uma conclusão em 2023, com a operação da Linha Leste, que ligará o Centro de Fortaleza ao bairro Edson Queiroz, também na Capital, atravessando as principais regiões financeira e comercial da cidade.

O Metrofor beneficia diretamente Fortaleza, Caucaia,  Maracanaú e Pacatuba. Executado pelo Governo do Ceará, conta com recursos oriundos do Governo Federal, tesouro estadual e financiamentos. Demanda esforços político, administrativo e técnico para tornar sua operação mais eficiente e proveitosa para os cidadãos que fazem uso de seus serviços, aproximando-se do que lhe foi originalmente projetado. É importante ainda que, os entes públicos ligados ao projeto, atuem para garantir celeridade ao projeto, dado a demora já excessiva de sua concretização e a evidente necessidade da RMF de sua operação plena.


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