Editorial: Mudanças no consumo

Ser previdente é uma regra de ouro, que deve ser observada por pessoas e instituições, públicas e privadas. O inesperado acontece com demasiada frequência para que se possa ignorá-lo em qualquer situação. Ainda que não esteja ao alcance de todos, dispor de reservas é essencial; e, no caso dos negócios, é igualmente indispensável conhecer bem suas próprias capacidades e o ambiente em que se atua.

A crise sanitária sem precedentes que o mundo atravessa fez sentir seu impacto sobre o mercado de forma quase imediata. A necessidade de adotar medidas de distanciamento social, com suspensão de serviços e atividades comerciais e industriais considerados não essenciais, teve um reflexo negativo rápido sobre a economia. Exigiu-se de todos, sem exceção, uma mudança drástica de planos.

Não havia fórmula universal e infalível - e ainda não há. Muitos fatores influenciam o sucesso, em alguns casos, e determinam o fracasso de uma empreitada. Por vezes, os problemas decorrentes da Covid-19 se fizeram sentir com uma força aniquilante. Não há tradução mais precisa e dramática deste caso do que a já flagrante escalada do fechamento de negócios - com as de iniciativas de pequeno e médio portes sendo, obviamente, as mais frágeis - e o desemprego.

O socorro, também neste caso, precisa de vir de várias frentes. Do poder público - em todas as suas instâncias -, se espera que sejam concebidas e postas em práticas ações, tanto aquelas capazes de surtir efeito imediato, como as que se estenderão para além da superação da crise de saúde (afinal, haverá uma conta alta a se pagar). A impossibilidade de se saber por quanto tempo a pandemia será um problema grave como é hoje agrava a situação do presente e, certamente, impõe obstáculos a quem pensa em formas de aliviar suas consequências econômicas.

Tais impasses, somados à consequência da pandemia em si, exigiram do mercado respostas criativas. Há de se reconhecer, claro, que nem todos os casos comportam soluções ou paliativos do gênero. Mas há aqueles em que estas não apenas são cabíveis, como necessárias e mesmo inadiáveis. Ao que se tem assistido é a transformação de hábitos de consumo e, acompanhando-os ou mesmo os determinando, uma mudança na forma como serviços tem sido prestados ao consumidor.

Tendência consolida e em expansão, o e-commerce ganhou ainda mais força. Saiu na frente quem criou soluções para ficar mais próximo de clientes e consumidores. Formas simplificadas de contato, personalização do serviço e agilidade na entrega foram diferenciais que se impuseram. Dentre as muitas transformações pelas quais o mundo passará, vencida a pandemia, certamente estará a incorporação de certos métodos adotados nestes tempos de exceção.

Não se deve imaginar, claro, que as experiências fora de casa devam se retrair - a ansiedade de voltar às ruas, quando tudo passar, é motivo suficiente para descartar tal ideia. Contudo, o impulso criativo catalisado pela crise modificou formas de se negociar e, em muitos casos, o consumidor saiu ganhando com os novos serviços ou com as novas formas de ser servido. Nos meses de recuperação que se seguirão à crise, a felicidade do cliente será meta, para quem quer se restabelecer ou mesmo crescer.


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