Editorial: Momento de qualificação

O mercado de trabalho está, progressivamente, se tornando mais estreito. Não se trata de um fenômeno repentino, daqueles que vez por outra surpreendem o cidadão e assombram seus setores organizados, mas do resultado de uma conjunção de fatores interligados, como educação, trabalho e desenvolvimento social. Pode-se dizer que essa é uma tendência natural. Não é exagero, portanto, afirmar que o panorama atual, em constante fluxo e refluxo, teria sido previsível, assim como se podem prever situações futuras nesse mesmo campo.

Além da escassez de vagas na indústria, no comércio e no setor de serviços – escassez movida pela crise econômica, que não dá sinais de arrefecimento em curto ou médio prazos –, há mudanças substanciais nos conceitos e procedimentos que regulam as demandas dos empreendedores. Trata-se, evidentemente, de um cenário de dificuldades, que não se limita a uma cidade, um Estado, uma região ou mesmo ao País.

No entanto, o que é complexo e intrincado pode, por outro lado, deixar oportunidades à vista. E essa é a boa notícia. Afinal, até os momentos turbulentos podem reservar circunstâncias favoráveis para quem planeja e se empenha por objetivos. São as qualificações e capacitações, possibilitadas por ações formativas oferecidas por entidades públicas, empresariais, de trabalhadores e do terceiro setor. 

A temporada atual, em que ocupações relacionadas ao comércio e ao turismo se destacam num leque de possibilidades, assegura um proveitoso campo para análises de especialistas que se dedicam a estudar movimentos da economia. Tem-se aberto caminho em várias frentes, necessitadas de mão de obra e essa, por sua vez, necessitada de preparo técnico e de bases teóricas.

Instituições como as do chamado “sistema S” – Sesi, Senai, Sesc e Senac, entre outras – assumem, nesse quadro, posições estratégicas. São autênticas formações de combate, capazes de arregimentar e treinar forças que se imponham diante de desafios. Podem, eventualmente, ser apresentadas como exemplos bem-sucedidos de reações sociais à base de saberes e experiências. 

Conciliar elementos da escola com os dos ofícios, somando esforços e obtendo resultados, vem sendo uma trilha propositiva e benfazeja. Articulações como as que são efetivadas pelas federações do comércio e pelas federações das indústrias têm mostrado que a pesquisa e a transmissão de conhecimentos são eficientes medidas contra o subdesenvolvimento e a pobreza.

Iniciativas adotadas por estados, prefeituras e siglas do meio civil também podem exemplificar propostas bem formuladas e executadas. Muitas parcerias entre áreas distintas têm sido, do mesmo modo, sinalizações positivas de êxito.

Os desafios são globais e o necessário, no momento, é diagnosticar entraves e buscar soluções. Procuram-se alicerces e estruturas novas, em condições de sustentar o futuro. Ter recursos assim é o diferencial que vai assegurar a competitividade que faz uma nação respirar e atender aos setores que a integram.

Não se pode admitir o recuo ou o enfraquecimento como medidas eficientes. Ao contrário: avançar e fortalecer devem ser lemas nítidos e indiscutíveis para a qualificação e a capacitação.