Editorial: Luz no fim do túnel

Bolsa em alta, dólar em queda - este é o resultado imediato da definitiva aprovação da reforma da Previdência, cuja potência fiscal será de R$ 800 bilhões nos próximos dez anos. Mas tudo o que envolve a Bolsa de Valores e o mercado de Câmbio está emulado pela especulação financeira. Não obstante, essa reforma era - e seguirá sendo - vital para a política fiscal do Governo do presidente Bolsonaro, cujo ministro da Economia, Paulo Guedes, já advertiu que, além da previdenciária, o Brasil clama por outras reformas, como a tributária, para o que será necessário um novo Pacto Federativo, a administrativa e a política.

Guedes já anunciou que, até a próxima quarta-feira, o Executivo encaminhará ao Legislativo sua proposta do novo Pacto Federativo. Em vários países, esse pacto só foi construído após guerras civis. Ninguém deseja essa alternativa para o Brasil e os brasileiros. Por isto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, mantêm permanente diálogo com o ministro da Economia e membros de sua equipe, buscando a melhor solução para um problema antigo e até agora insolúvel. É pelo Pacto Federativo que se chegará à sonhada reforma tributária, até agora inviabilizada pela chamada "guerra fiscal" entre os estados. Cada unidade da Federação - e o Ceará é um bom exemplo - criou seu próprio cardápio de incentivos fiscais, por meio do qual atraem empresas do Sul e do Sudeste, criando novos empregos em seu território, mas abrindo mão de impostos que poderiam ser investidos na saúde, na educação, na segurança pública, na infraestrutura e no saneamento básico.

Há, pois, agora, passada a fase de angústia da reforma da Previdência, uma expectativa otimista quanto às demais reformas estruturantes. Não será fácil, por alguns fortes motivos, aprová-las no Congresso, onde o Governo do presidente Bolsonaro não dispõe de maioria. Acontece que os líderes das duas casas do Parlamento - e esta é uma constatação alvissareira - acordaram para a necessidade de dar ao País uma direção que o reponha na trilha do crescimento econômico. Alcolumbre e Maia têm liderado o esforço no Senado e na Câmara dos Deputados para que se aprovem - o mais rapidamente possível - as várias Propostas de Emenda Constitucional e os projetos de lei que embutem a reforma de toda a estrutura da política e da administração brasileiras.

A inflação está abaixo da meta, os juros reais jamais estiveram tão baixos - e deverão cair ainda mais - há claros sinais de que estão chegando os investimentos estrangeiros nas áreas da infraestrutura e de óleo e gás. Apesar das tumultuadas relações do presidente da República e de seus filhos com segmentos do seu próprio partido, o PSL, a gestão já recolhe alguns resultados positivos. O mercado, suscetível às idas e vindas da política, já precificou essas dificuldades, e por isto mesmo aposta na sua superação.

A visita de Bolsonaro ao Japão, à China e ao Oriente Médio deve gerar novas e boas perspectivas. Os chineses estão prontos para aportar aqui seus capitais em projetos de infraestrutura portuária, ferroviária e rodoviária. Há uma luz no fim do túnel.


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