Editorial: jovens longe do mercado

A proporção de jovens que se distanciam da força de trabalho formal vem avançando entre os cearenses. E deve-se compreender isso como uma boa sinalização. Essa sequência se registra desde 2012, quando se iniciou a coleta de dados pela Pesquisa por Amostra Domiciliar Contínua, do IBGE, e a sistematização pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), no Boletim Trimestral da Juventude, chegando a 2018. O lado positivo é que considera-se que em determinadas medidas o afastamento do trabalho representa a aproximação da educação. Documentos como esse, respectivos à população na faixa dos 15 aos 29 anos de idade, se revestem de importância especial, visto que servem como observatórios do ensino e do mercado de trabalho.

Trata-se, ainda tendo em conta a complexidade dos setores abrangidos, de percepções essenciais para a elaboração de leituras políticas, administrativas e técnicas sobre uma série de perspectivas, entre as quais as de qualificação e de capacitação profissional e mesmo as de segurança. Afinal, os reflexos de ações adequadas, tanto dos setores oficiais quanto da iniciativa privada, se estendem por todas as áreas da sociedade.

Sob qualquer ângulo, então, configuram-se informações fundamentais para a gestão multidisciplinar de interesses e ações nos campos público e civil.

Assim como se indica haver mais jovens fora do mercado de trabalho e mais absorvidos pelas instituições de ensino, o estudo do Ipece aponta que a taxa bruta de frequência escolar tem apresentado crescimento. Somadas, as análises podem revelar que, ao passo que participa menos das responsabilidades laborais, a juventude estaria mais engajada na vida das escolas, cumprindo calendários e cronogramas do ensino.

São, inegavelmente, elementos positivos e benfazejos. Ainda há, é claro, muito campo para se avançar, conforme os levantamentos deixam claro - inclusive ressaltando que o Ceará teria percentuais abaixo dos do Nordeste e dos do País.

Uma das conclusões que merecem ser realçadas no estudo do Ipece diz que a taxa de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo cresceu 22,6% entre 2012 e 2018, saindo de 65,3% para 78,2%, e avançando 7,8% entre 2017 e 2018, passando de 72,5% para 78,2% apenas em dois anos. Nesse indicador, o Ceará apresenta desempenho superior ao do Brasil.

Outra conclusão mostra que a proporção de jovens de 18 aos 29 anos com ensino médio completo foi de 51,3% em 2012 para quase 62,9% neste ano. Isso significou crescimento de 22,6%.

Os dados auspiciosos avançam para as universidades e faculdades. É que o boletim afirma, também, que mais jovens de 25 a 29 anos estão concluindo graduações. E que o índice com ensino superior completo aumentou 59,3% de 2012 a 2018, com crescimento de 17,5% somente entre 2017 e 2018.

Certamente, há um quadro animador, sobretudo se observarmos que se retrata nele a insurgência contra a evasão escolar e a reação em oposição a disfunções sociais. Colocam-se, nos patamares devidos, as responsabilidades com o ensino e com o trabalho, duas vertentes do saber que repercutem sonoramente nas estruturas que servem aos cidadãos.

E, do mesmo modo, pode-se concluir que trilha-se no Ceará um caminho bem planejado, capaz de desafiar proativamente as históricas dificuldades econômicas e as profundas diferenças sociais que foram agravadas ao longo de anos. Ter na educação o caminho oposto à exclusão é uma estratégia de longo prazo, mas de eficiência indiscutível.


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