Editorial: Infância mais ativa

A primeira infância compreende os cinco primeiros anos da vida de um ser humano. O período é fundamental para os futuros estados de saúde física e mental do indivíduo. O caminho de um crescimento e desenvolvimento saudável, nesta fase, precisa de mais atividades físicas, um sono melhor e menos tempo sentado diante de telas ou contidas em carrinhos ou cadeirinhas de bebê.

As recomendações, que mais parecem a voz da sabedoria popular,  são, na verdade, novas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). As informações estão disponíveis no documento “Diretrizes sobre atividade física, comportamento sedentário e sono para crianças menores de 5 anos de idade”, divulgado na semana passada.
As diretrizes foram estabelecidas por um grupo transnacional de especialistas da OMS, incluindo educadores físicos, terapeutas ocupacionais, médicos esportivos e experts em obesidade infantil. Eles partiram de uma análise de estudos sobre os efeitos causados pelo sono inadequado e pelo tempo gasto de forma sedentária, diante de telas, em crianças pequenas. Também revisaram evidências sobre os benefícios do aumento dos níveis de atividade.

O estudo leva em conta outro dado, que extrapola a faixa etária considerada, que trata da falta de atividade física. A falta de exercícios regulares é a responsável por mais de 5 milhões de mortes por ano, em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo é o quarto maior fator de risco de mortes no mundo. E a situação dos mais jovens preocupa. A OMS diz que 80% dos adolescentes não praticam atividade física suficiente. 

Se forem considerados os casos fatais em que o sedentarismo exerceu influência, sem que tenha sido a causa principal, os números são ainda maiores. No começo do mês, o Ministério da Saúde faz um alerta sobre a situação dos brasileiros: três em cada 100 mortes registradas no País podem ter influência do sedentarismo. De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério, 34.273 mil mortes registradas em 2017 (último ano com dados consolidados pelo sistema) estavam relacionadas às enfermidades como as doenças cardiovasculares, diabetes e os cânceres de mama e de cólon, quadros que sofrem influência da falta da atividade física regular.

Estabelecer um conjunto de diretrizes para a primeira infância faz sentido, já que o problema está relacionado com hábitos, que são mais fáceis de serem definidos nesta fase da vida. Quando incentivados até os cinco primeiros anos, as práticas ligadas à atividade física saudável e da qualidade de sono ajudam a moldar hábitos para a infância, adolescência e idade adulta.

A ideia é garantir qualidade ao padrão de atividades no dia da criança. As atividades físicas e intelectuais são importantes, mas deve-se evitar o exagero das agendas atribuladas na infância. Recomenda-se trocar as atividades sedentárias diante de telas por jogos mais ativos ou que a interação social, como a leitura e contação de histórias.
A velocidade do mundo contemporâneo desafia os adultos a superarem seus maus hábitos. Daí a importância de se estar alerta para o que dizem essas autoridades de saúde para pavimentar um caminho mais sadio para as crianças.


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