Editorial: Horizonte do comércio

Na sequência de indicadores positivos que vêm sendo destacados pelo noticiário da economia nos últimos dias, tendo no horizonte a perspectiva de crescimento das vendas em estabelecimentos comerciais para o fim do ano, há um elemento que deve ser obrigatoriamente notado. É a Demanda por Crédito do Consumidor, que avançou 4% em setembro, na comparação com o mês anterior. Essa apreciação inclui presumidas melhorias com a chamada "Black Friday", programada para 29 de novembro, e com o aquecimento do comércio para o Natal, em dezembro.

A demanda pode ser definida como a sinalização de interesse do mercado pelos instrumentos de crédito, o que inclui financiamentos em diversas frentes. Obtêm-se esses dados a partir de amostras de CPFs consultados pelas empresas que efetuam vendas a prazo.

Se confrontada com setembro de 2018, a Demanda por Crédito do Consumidor subiu 5,9%. Já no acumulado de 12 meses, registrou alta de 4,5%. Tendo em consideração os segmentos que compõem o índice da Demanda por Crédito do Consumidor, o Financeiro teve elevação de 4,4% no mês. Já o segmento Não Financeiro cresceu 3,7% em igual período. Esses dados são apurados por empresa que monitora fatores como inadimplência e comprometimento de renda. Possíveis influências sazonais - vinculadas, portanto, a aspectos de determinadas épocas - são descontadas na pesquisa.

São, de fato, pontos positivos que costumam ser recebidos com expectativa pelo comércio e demais áreas da economia. No caso, há elementos que intensificam o otimismo, a começar pelos bons resultados apurados com as vendas do Dia dos Pais, em agosto, e do Dia das Crianças, em outubro. O ânimo é justo, de todo modo, sobretudo pelas condições restritivas que se verificaram nos anos passados.

A disponibilização de recursos do FGTS, os quais poderão ser usados tanto para o pagamento ou renegociação de dívidas quanto para a retomada de projetos adiados de consumo, seria um dos fatores que explicam a alta. A redução das taxas de juros também tende a favorecer a demanda por crédito, segundo o levantamento.

Essas análises podem, em primeira leitura, parecer áridas ou circunscritas à frieza das estatísticas econômicas. Mas não são. Principalmente, por terem muito a ver com o cotidiano das pessoas.

Estima-se, afinal, que o crescimento mais significativo desse indicador no decorrer do ano depende da melhora na renda, das condições de crédito e diminuição da desocupação. Ou seja, tem relação com a vitalidade das finanças dos cidadãos e suas famílias. Tem a ver, portanto, com o emprego e o salário dos trabalhadores.

A recuperação do ânimo dos atores que compartilham os cenários nacionais é de fundamental importância, literalmente dos dois lados do balcão, é referencial. Diante do tipo de política que vem ganhando corpo nos últimos tempos, caótica, hostil e, por isso, pouco qualificada, esse acaba sendo um desejado e eficiente antídoto.

No fim das contas, o cidadão e suas instituições apostam em quadros menos hostis para reconstruir uma capacidade básica: a de ter esperança.


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