Editorial: Fronteiras de crescimento

Os demais países da América Latina estão à frente do Brasil na internacionalização dos negócios. A informação é do Banco Mundial e foi divulgada justo quando o presidente Jair Bolsonaro cumpria agenda em países asiáticos, oficialmente, em busca de melhorar relações internacionais da gestão e, virtualmente, conseguindo se afastar da crise no partido ao qual pertence, o PSL. Não é, evidentemente, a melhor notícia a ser dada no decorrer de uma turnê dessa natureza, mas é certo que pode ser uma motivação para novos posicionamentos.

O Banco Mundial observa ainda que o mercado doméstico do Brasil até consegue promover impactos no índice de importações e exportações do País, mas, quando se comparam os dados nacionais aos de vizinhos na América Latina, obtém-se um cenário no qual a contribuição das importações e exportações brasileiras no PIB está significativamente aquém.

Têm-se aqui índices de 14,2% nas importações e 14,8% nas exportações. Já no Chile, por exemplo, onde há uma crise institucional que envolve o Governo de Sebastián Piñera, os números chegam a 28,7% e 28,8%, respectivamente. Países como México, Peru e Colômbia também passam dos 20%, não obstante eventuais condições adversas que se verificam.

Pode-se dizer, então, que se está diante da demanda de negociar o que virá no futuro. O êxito de agora terá, desse modo, relação com o que se conquistar nos próximos anos. No Ceará, há iniciativas bem-sucedidas nesse campo e que podem se converter em referências nacionais. É o caso do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), unidade que auxilia as empresas locais a ingressarem no mercado externo.

O Centro já construiu um largo catálogo de produtos e serviços, demonstrando ser também um polo de referência em relações internacionais para as indústrias locais. Essa experiência, partindo do segmento privado, contribui para o desenvolvimento econômico sustentável, meta do poder público, por intermédio de parcerias em frentes distintas.

Existe, em paralelo, um esforço do já centenário Centro Industrial do Ceará, por meio de ações do porte do Programa de Otimização, Eficiência e Inovação do Ambiente de Negócios do Ceará - que propõe, de forma pactuada, uma agenda para a simplificação dos processos, regras de negócios, legislações e normativos, desenvolvimento de soluções de TI, a ser analisada e, mediante consenso, implementada pelo Poder Executivo estadual.

O Governo do Estado, por seu turno, vem dialogando com as entidades privadas e firmando contatos com representações de outros países - aplicando a fórmula consagrada de expor vantagens competitivas, a exemplo do que fez em setembro último, recebendo o cônsul comercial dos Estados Unidos no Brasil, Jonathan Ward, em visitas a estruturas mantidas pelo contribuinte.

As instituições cearenses têm, como se pode concluir, expertise para, literalmente, exportar. E têm, é necessário acrescentar, conhecimento aprofundado sobre demandas e obstáculos a se superarem. Sabe-se, por fim, que negociar é preciso. E que é com essa ferramenta proativa que se podem mudar condições adversas.


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