Editorial: Em hora apropriada

Em sintonia, como tem sido recorrente, o Governo do Estado do Ceará e a Prefeitura Municipal de Fortaleza têm projetado dias melhores para o setor cultural. Na perspectiva da administração pública, isso passa pelo reforço no aporte de recursos, sempre necessários em uma área historicamente carente. Acertar o passo localmente torna-se ainda mais importante quando, em âmbito federal, por ora, as políticas culturais não encontraram um rumo claro.

Da Prefeitura, sabem-se detalhes dos planos, anunciados na semana passada. A Pasta municipal da cultura dispõe de R$ 56,5 milhões previstos para serem investidos neste ano – atendendo desde a manutenção de equipamentos, como a Vila das Artes, até a realização de eventos permanentes do calendário cultural e novos projetos. Parte deste dinheiro deve pôr adiante projetos neste semestre, Edital das Artes de Fortaleza, investimentos em eventos como o Festival de Teatro de Fortaleza e o Festival da Música de Fortaleza, além de grandes festas do fim de ano, Natal de Luz e Réveillon.

Há também obras à vista. Até o fim do ano, o Município promete iniciar obras no Passeio Público de Fortaleza, com reformas de algumas estruturas e restauro de outras (aquelas de valor histórico-arquitetônico reconhecido); e na Praça José de Alencar. No primeiro espaço, serão investidos R$ 1 milhão; e R$ 6,5 milhões, no segundo. Devem seguir, semestre adentro, as obras do Centro Cultural do Canindezinho, equipamento cultural na periferia da Capital, orçado em R$ 2,83 milhões.

Os planos do Estado, por sua vez, ainda carecem de detalhes – valores, destinações, previsões e prazos. O que se sabe deles foi adiantado pelo governador Camilo Santana, quando da abertura do 29ºCine Ceará. O chefe do Executivo antecipou ao público presente que seria lançado pacote de investimentos para a cultura. Dois pontos foram explicitados, ainda que sem data de concretização: a chamada de aprovados no concurso da Secretaria da Cultura do Estado (Secult); e um aumento de 100% dos recursos destinados ao audiovisual.

Espera-se que a sinalização, em pouco tempo, dê lugar a anúncio oficial, com detalhamento de projetos; que estes sejam postos em prática e que, o mais breve possível, seus resultados estejam disponíveis. As demandas, afinal, são reais. Umas são urgentes, outras antigas e, por isso mesmo, carentes de atenção, o mais breve possível.
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, por exemplo, passa, mais uma vez, por fase em que requer reparos e reativação de alguns de seus equipamentos. Uma das salas de cinema está sem funcionar, uma exposição permanente está fechada e a pintura precisa de reparos, para fazer jus à beleza da arquitetura do centro cultural. Ali perto, também deveria estar funcionando a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, há cinco anos fechada para reformas e sem data de reabertura. E muito já se falou sobre a necessidade, já antiga, de uma nova reserva técnica para acomodar o acervo do Museu do Ceará – também fora de operação.

A área cultural precisa de investimentos permanentes, garantia de manutenção de seus projetos e equipamentos. Que aquilo que se projeta para o futuro chegue logo para atender às necessidades do presente.