Editorial: Diálogos transnacionais

No mundo moderno, nenhum país pode ansiar por uma existência insular. Não a toa, em casos de disputas transnacionais, são impostos embargos econômicos, destinados a ilhar determinada nação, como uma forma de sanção. O planeta, dividido em quase 200 países e com 7,5 bilhões de habitantes, é cada dia mais orgânico, não apenas em sua dimensão ambiental, mas também social, política e, sobretudo, econômica. Ciente da importância desse intercâmbio, a gestão do presidente de Jair Bolsonaro tem procurado ajustar seus canais de comunicação com os outros países, não apenas os vizinhos da América do Sul, mas também com as potências ao redor do globo.

A equipe de embaixadores que representam o Brasil mundo afora deve sofrer ajustes em breve, com a intenção de diminuir os ruídos com a opinião pública estrangeira e, por tabela, com os mercados internacionais. Os embates internos da política nacional nem sempre são bem compreendidos lá fora e é preciso atenção para que problemas de diálogo, eventualmente, possam resultar em prejuízos econômicos.

A cúpula do Planalto, reiteradas vezes, defende a urgência e importância da aprovação de uma reforma previdenciária para ajustar as contas do País, mas está implícito que a medida não é a única variável a ser considerada e que, certamente, deve-se evitar ao máximo a aparição de novos problemas para se somarem aos que estão aí e que determinam a crise que o Brasil enfrenta, pelo menos, desde 2015.

É imperativo trabalhar para uma boa relação internacional e abrir canais de diálogo que potencializem novas parcerias econômicas, a conquista de novos mercados e a manutenção, fortalecimento e expansão daqueles que já existem. Que não se pense que, ao agir assim, um governo está a defender exclusivamente os interesses de setores com capacidade de exportação ou com interesse em oportunidades lucrativas de importação. Afinal, investe-se, dessa forma, também na geração de empregos, no incremento de renda, na circulação de capitais e, consequentemente, no benefício de outros setores da economia. E, mais uma vez, o ciclo se inicia.

É preciso valorizar as oportunidades que se oferecem ao País graças a seu histórico. Recentemente, o Brasil foi aceito como membro permanente do Comitê de Concorrência da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A notícia foi recebida com entusiasmo pelo Governo Federal e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia federal ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Criada nos anos 1960, a OCDE reúne cerca de 30 países, de todos os continentes e tem atuação nas áreas de macroeconomia, comércio, desenvolvimento, educação, ciência e inovação. Entre os objetivos do organismo transnacional estão fomentar a boa governança estatal e empresarial, o desenvolvimento social e o crescimento econômico por meio de cooperação institucional e política, assim como a utilização de mecanismos de monitoramento para evitar abusos econômicos. É uma das principais agências antitruste do mundo.

Apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a inclusão do Brasil é um reconhecimento de ações de regulação, por meio de projetos de cooperação com o Cade.