Editorial: Desafios do crescimento

Retomar o crescimento econômico, em níveis capazes de devolver o Brasil ao papel de destaque internacional para o qual já demonstrou ter vocação, é um objetivo e um desafio coletivo. Requer o engajamento do Poder Público – nas instâncias federal, estadual e municipal – e da classe empresarial do País. Há aí, claro, uma multiplicidade de forças envolvidas, com competências e interesses distintos, que precisam, conjuntamente, encontrar saídas em comum.

O problema é mais do que a necessidade de harmonizar os discursos. Há embates inadiáveis a serem travados pelas equipes econômicas governamentais e pela iniciativa privada. Os obstáculos à retomada do crescimento e consequente desenvolvimento do País são muitos, a agir externa e internamente. 

Um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou as estimativas para a crescimento da economia mundial. Globalmente, ela deve perder ritmo, devendo crescer 3,5%, em 2019, e 3,6%, em 2020. Isso representa menos 0,2 e 0,1 pontos percentuais, respectivamente, em face das também modestas previsões anteriores. O FMI espera um crescimento ainda menor na economia da América Latina e do Caribe. A instituição projeta a elevação do PIB da região em apenas 2%, para 2019, e 2,5%, para 2020. A incerteza política na América Latina é um fator determinante para o ritmo lento do crescimento regional.

Comparativamente, o Brasil inspira mais otimismo do que vizinhos, como a Argentina que deve ter um crescimento menor do que a média da região. Para o Brasil, o FMI projeta um avanço de 2,5% no PIB deste ano e um pouco menor, 2,2%, no ano seguinte. O País também se defronta com incertezas que refletem no comportamento do mercado. Tem pela frente a tarefa hercúlea de ajustar suas contas e, para tal, precisa de medidas impopulares, que impõem dificuldades para serem aprovadas no Congresso Nacional. O caso mais evidente é o da reforma da Previdência, que exige um cálculo preciso, que é equacionar as necessidades da máquina pública e da economia nacional sem esmagar o futuro da população, em especial, a mais carente.

Há também que se fazer a “lição de casa”, em âmbito estadual e municipal, com políticas que impulsionem a indústria e o comércio locais, amplificando seus potenciais. Merece, portanto, ser celebrada a notícia de que o Ceará teve saldo positivo na balança comercial em janeiro. É a primeira vez, em uma década, que registra-se um começo de ano em que a diferença entre o que se exportou e se importou pende, favoravelmente, para a economia do Estado. Uma boa nova que chega num começo de ano repleto de notícias ruins.

O estudo do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) indica que as vendas de produtos cearenses ao exterior somaram, no mês passado, US$ 238,6 milhões, enquanto as importações somaram R$ 206,1 milhões. Os dados representam um superávit de US$ 32,5 milhões. 
Calçados, produtos agropecuários e metais estão entre os produtos do Ceará que interessam o mercado externo. Importante que o Estado navegue nessa direção, e que o empenho do empresariado, das prefeituras e da União, para além das divergências existentes, sopre bons ventos.


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