Editorial: Cuidados domésticos

Com a proximidade das férias escolares, os pais e responsáveis por crianças têm diante de si alguns desafios, como pensar atividades de lazer para os pequenos, que, por um mês, dispõem de mais tempo livre. O período de recesso escolar também exige reforço na segurança doméstica, já que via de regra passa-se mais tempo em casa e o lugar esconde seus riscos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, os acidentes no ambiente doméstico estão entre as principais causas de morte de crianças de 1 a 9 anos no Brasil. O levantamento, que leva em conta registros de todas as regiões, mostra que as lesões não intencionais estão relacionadas a mais de 5 mil óbitos infantis por ano, além de 110 mil hospitalizações anuais. Levando em conta os tipos das principais ocorrências (afogamento, queda, sufocamento, queimaduras, choque elétrico, envenenamento por plantas e animais peçonhentos), especialistas da pasta estimam que, pelo menos, 90% dos casos poderiam ser evitados.

Um dos acidentes mais comuns, a queda, envolvendo crianças na faixa etária de zero a 9 anos, costuma ocorrer na maioria das vezes em casa. Outro levantamento do Ministério da Saúde, tomando por base apenas os dados obtidos em unidades de urgência do Sistema Único de Saúde (SUS), de 37 cidades brasileiras, registrou que, de cerca de 11 mil atendimentos a crianças nessa faixa etária, metade (5.540 ocorrências) foi provocada por quedas - sendo que na maioria, 3.838 (69% dos casos), o episódio se deu na própria casa das vítimas.

Para garantir a segurança, é fundamental a orientação das crianças e dos adultos que as estejam supervisionando. Devem ser evitados os espaços que potencializam acidentes, caso de escadas, sacadas, lajes e áreas próximas a janelas. Também devem ser resguardadas do acesso às conexões elétricas.

Outros cuidados são ainda mais básicos: superfícies lisas, como o chão encerado, contribuem para escorregões, que podem ter consequências sérias. A maioria das quedas infantis, a se considerar apenas aquelas que foram atendidas em pontos do SUS, foi causada por tropeções, pisadas em falso ou desequilíbrios.

O caso é sério, mas não deve inspirar alarmismo. Há medidas fáceis de serem adotadas, para evitar que os pequenos se machuquem no ambiente que, no geral, sugere-os mais segurança. Tampouco pais e responsáveis devem propor agenda que abra mão de brincadeiras que envolvam atividades físicas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera sedentária a criança que, com idade igual ou superior aos 6 anos, não pratique menos de 300 minutos de atividade física por semana (o equivalente a uma hora por dia, cinco dias por semana). Outros problemas advém desta falta de estímulo físico na infância, e estes têm consequências na vida adulta. O uso de aparelhos eletrônicos deve ser moderado, e devem ser privilegiadas as brincadeiras que estimulem o desenvolvimento motor, emocional e intelectual da criança conforme sua fase de desenvolvimento.

Com responsabilidade e atenção, o período das férias escolares tem tudo para ser marcado pela tranquilidade, num estímulo saudável que renderá frutos no futuro, em um País que necessita dos melhores deles.