Editorial: Avanços da mobilidade

Os carros e motos que transitaram na Capital nestes dias atípicos, em que ataques empreendidos por facções criminosas causaram prejuízos e foram combatidos pelas Forças de Segurança do Estado experimentaram um ritmo singular no ir e vir. Sem o trânsito pesado, que retarda o deslocamento do cidadão e desafia a paciência de condutores, as distâncias dentro de Fortaleza pareceram menores do que o habitual.

O contraste da experiência permite que se tenha dimensão dos problemas de mobilidade que a cidade, como todas as grandes metrópoles, precisa equacionar. Boa parte desses impasses é facilmente explicado pelo gigantismo da urbe. A capital cearense, hoje, conta com algo em torno de 2,6 milhões de habitantes, que se deslocam diariamente e, muitas vezes, cruzam grandes distâncias para chegar a seus locais de trabalho ou estudo, acessar serviços de saúde, dentre outras destinações. A Região Metropolitana abriga mais de 4 milhões de pessoas e o ir e vir de pessoas das cidades vizinhas para Fortaleza é intenso.

A Prefeitura Municipal de Fortaleza tem apresentado, constantemente, novidades no trato com a questão. Uma das frentes mais notáveis é o da ampliação da malha cicloviária e a implementação de programas que incentivam o uso de bicicletas, sejam os passeios que cortam avenidas da cidade aos domingos, sejam nas bem-sucedidas parcerias com a iniciativa privada, que espalharam pelas ruas bicicletas compartilhadas.

O transporte público também sofre mudanças e tenta acertar o passo. São mudanças que, necessariamente, transformam a maneira como o fortalezense se desloca e, nem sempre, são compreendidas ou aceitas de início. Caso das faixas-exclusivas para ônibus, que a princípio incomodaram bastante os condutores de automóveis e, com o tempo, se habituaram à nova configuração. Quem usa o serviço de ônibus e vans viu rápido o ganho em agilidade.

Há, claro, áreas que precisam avançar, chegando ao funcionamento pleno que foi projetado. O primeiro caso que virá à mente é o do Metrofor. Há mais de 20 anos, o metrô de Fortaleza requer investimentos e energia administrativa dos governantes do Estado e um volume de recursos que faz sombra mesmo às grandes obras. No fim do ano passado, o Governo do Ceará autorizou o início das obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza. Quando estiver em operação, a linha terá capacidade de transportar até 150 mil passageiros diariamente.

Outra área que requer atenção do poder público e fiscalização dos cidadãos, que precisam do serviço, diz respeito ao estacionamentos. Ainda que o urbanismo, em suas mais avançadas correntes, incentive o uso de transporte público e meios alternativos, de preferência não poluentes, como a bicicleta, carros e motocicletas não são prescindíveis. Quem se vale deles, sabe a dificuldade, cada vez maior, de encontrar vagas, nas vias públicas, ou ofertas e bem estruturadas de estacionamentos particulares.

A Zona Azul se coloca como uma das prioridades, com anúncios de maior fiscalização para as vagas rotativas e formas mais modernas e eficientes de pagar as taxas por seu uso. Trata-se de um bom caminho, que merece atenção e agilidade, pelos ganhos que trazem aos condutores e, também, ao Município, por seu potencial de arrecadação.