Editorial: Alertas ambientais

Não é de hoje que ambientalistas e pesquisadores das mais diversas áreas alertam para os riscos que o planeta e a vida nele correm, por conta dos impactos provocados pela ação humana. A lista de comportamentos nocivos é longa e bem conhecida: da emissão de gases poluentes à produção desenfreada de lixo não reciclável, passando pelo desmatamento e o uso abusivo de substâncias agrotóxicas.

Países e setores produtivos, sobretudo os ligados à indústria, foram pouco a pouco pressionados e convencidos a atentar para a causa ambiental. Hoje, não se trata de uma novidade e há mesmo empresas que fizeram de suas ações ecologicamente corretas um poderoso capital, com efeitos positivos em ações de marketing e de conquista de mercados. Afinal, nas últimas décadas, cresceu em ritmo exponencial o número de pessoas que levam em conta, de forma prioritária, os efeitos de seus hábitos de consumo.
Não se trata de modismo. Os efeitos negativos da ação humana sobre o meio ambiente já podem ser sentidos, seja no clima de metrópoles, que ao trocar a vegetação pelo concreto, se converteram em uma espécie de deserto; na qualidade da água de rios e lagoas, necessárias ao consumo humano e à agricultura; e nos problemas de saúde, provocados pelo excesso de gases tóxicos no ar das grandes cidades e pelas substâncias químicas presentes nos vegetais.

O noticiário de divulgação científica é constantemente alimentado por novidades a cerca de pesquisas que se deparam com realidades estarrecedoras, do ponto de vista da degradação ambiental – para além das já exauridas imagens de grandes blocos de gelo se partindo, num reflexo do aquecimento global sobre os polos gelados do Planeta. 
Recentemente, Alan Jamieson, um biólogo-marinho da Universidade de Newcastle, na Austrália, encontrou fragmentos de plástico no intestino de um pequeno crustáceo que vivia em uma das partes mais profundas do oceano. Sua equipe também identificou nos organismos que coletou poluentes produzidos pelo homem. Em alguns casos, os níveis registrados eram 50 vezes mais altos do que os vistos em caranguejos de um dos rios mais poluídos da China.

O mundo produz cerca de 10 toneladas de plástico por segundo. Estima-se que, todos os anos, entre 5 milhões e 14 milhões de toneladas sejam despejados nos oceanos, alcançado mesmo as ilhas mais isoladas e o fundo do mar. Cerca de 5 trilhões de peças atualmente flutuam em águas superficiais, principalmente na forma de fragmentos minúsculos e fáceis de engolir que acabaram no intestino de aves, mamíferos, peixes e outros animais que vivem do mar.

O resultado é esperado. É mais um fator a contribuir para a avassaladora tendência de eliminação da vida animal no planeta. As populações globais de animais selvagens diminuíram cerca 60% nos últimos 40 anos, de acordo com o relatório “Planeta Vivo 2018”, da organização não governamental World Wildlife Fund (WWF).

Dados como esse reforçam o entendimento de quão necessário é, para estados, organizações e indivíduos, adotarem posturas sustentáveis, em especial aquelas que se dão de forma coordenada, usando o que há de melhor na ciência, para chegar ao bem comum. 
 


Assuntos Relacionados