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O Estado do Ceará já tem instalados em 61 municípios 70 equipamentos sob a denominação de “brinquedopraças”. São, como parece óbvio, praças com espaços reservados à diversão e fruição do que é público por parte das crianças. Não somam um investimento modesto: consumiram R$ 1,260 milhão – à razão de R$ 180 mil por unidade, tendo cada uma 230 metros quadrados, cercados, revestidos com piso anti-impacto e dotados de oito brinquedos.

Esses equipamentos já estão disponíveis nos municípios de Altaneira, Alto Santo, Aracati, Araripe, Assaré, Banabuiú, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caridade, Caririaçu, Cedro, Chorozinho, Coreaú, Crato, Farias Brito, Fortim, Granjeiro, Guaramiranga, Ibiapina, Ibicuitinga, Independência, Ipueiras, Iracema, Irauçuba, Itaitinga, Itatira, Jaguaribe, Jaguaruana, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Jucás, Missão Velha, Mauriti, Marco, Milagres, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Moraújo, Morrinhos, Nova Olinda, Nova Russas, Novo Oriente, Ocara, Orós, Palmácia, Paraipaba, Pedra Branca, Porteiras, Quixadá, Reriutaba, Russas, Santana do Cariri, Saboeiro, Senador Pompeu, Tamboril, Tarrafas, Tejuçuoca, Ubajara e Várzea Alegre. Fortaleza, que dispõe de cinco; Redenção, com duas; e Baturité, também com duas, são exceções numéricas na distribuição dos equipamentos, por conta das proporções populacionais. 

Há, porém, autorizações do Palácio da Abolição para que cheguem a todas as 184 cidades do Estado. A Capital, por concentrar maior população, deve chegar a ter 28 desses arranjos urbanos.

O que move a presente apreciação não é apenas a política de implantação de locais para que crianças tenham lazer – o que, por si, já seria muito importante. Mas é, a rigor, a nova e boa oportunidade que diferentes gerações estão ganhando para que avaliem como é relevante a ocupação devida dos ambientes coletivos, para que adotem a responsabilidade e o zelo com o que é de todos como uma regra de convivência, para que saibam preservar o que está a serviço da comunidade e que foi viabilizado com dinheiro que pertence a todos.

Frente a números indesejáveis, como os que a segurança pública costuma ostentar – não obstante as eventuais melhorias que se podem apresentar –, é alvissareira a garantia de locais em que se possam fortalecer os sentimentos de gratuidade, inclusão e compartilhamento possam se sobressair em meio à individualização, à exclusão e à mercantilização em todos os setores.

Cabe, ainda, um olhar sobre o que a Constituição Federal diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Acrescente-se ao que discorre a Carta o fato de que os relacionamentos interpessoais são fundamentais para o desenvolvimento dos cidadãos. Possibilitar condições de interação, com segurança e planejamento, aos que estão em fase de formação, se integrando necessariamente às dimensões que a vida oferece, é respeitar o presente e o futuro. 


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