Dnocs

Deparo-me com uma frase de Shakespeare: "Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente". Veio-me imediatamente à mente a gravíssima situação do Dnocs. Autarquia, cuja sede, em Fortaleza, deveria ser motivo de orgulho do povo cearense, e razão para o esforço de todos na busca de sua revitalização, uma luta travada há vários anos pelos seus servidores, que não conseguem sensibilizar a quem detém o poder de reestruturá-lo. Todos conhecem a situação e não há ações efetivas. Todos dominam a dor da Autarquia, porém, sentir a real dimensão da dor, somente os seus servidores. O que se passa é um "sucateamento" quase irreversível, uma "morte" por inanição, talvez, cômoda, com seus técnicos saindo um a um por aposentadoria, desperdiçando-se uma expertise adquirida, por mais de um século, em suas várias atividades, na construção de barragens, piscicultura e perímetros irrigados. Inadmissível tal situação, pois, o alcance social do Dnocs é de uma grandeza extraordinária, principalmente, quando vemos que pelas suas ações foram, e, são dadas as condições de sobrevivência para a população do semiárido, evitando-se o êxodo rural. A reestruturação passa pela realização de concurso público, reordenamento funcional, um plano de cargos e salários para os seus servidores, cuja falta é inexplicável por ser uma entidade centenária. O agravante é que as responsabilidades da entidade aumentam de modo inversamente proporcional a sua força de trabalho e a sua estrutura funcional e orçamentária de custeio, motivo de extrema dificuldade para gestores e servidores.

Cláudio Lima
Administrador