Dia do trabalho sem trabalho

Hoje, é o Dia Internacional do Trabalho, também conhecido como Dia do Trabalhador sem trabalho, não só pelo feriado em si, mas pelos 12 milhões de desempregados espalhados por este imenso Brasil. Estes nem sequer podem cumprir o preceito bíblico: “ganharás o pão com o suor do teu rosto”. Sentir-se-ão feridos no seu direito básico e na sua dignidade, porquanto o trabalho dignifica o homem, como sempre se ouviu dizer na escola, nas academias e nos púlpitos religiosos. 

Na formação do Brasil, não era assim. O trabalho, pela sua natureza braçal e obreira, era destinado aos escravos, às classes desfavorecidas, pois os nobres viviam de rendas e da exploração da mão de obra dos menos favorecidos. Os tempos mudaram, e com a Revolução Industrial surgiu a chamada classe operária, primeiramente manufatureira e depois ampliada para outros ramos de negócio, com o crescimento do capitalismo. Para conter a voracidade deste sistema, surgiram os direitos trabalhistas, como são conhecidos atualmente, pois antes imperava a vontade férrea do patrão. 

As jornadas de trabalho eram exaustivas, e inexistia direito a férias, a descanso semanal, a indenização e outros direitos assegurados em lei. Quanto ao Brasil, particularmente, o então presidente Getúlio Vargas, considerado o “pai dos pobres” e, por extensão, “dos trabalhadores”, instituiu em 1º de maio de 1940 o salário mínimo, capaz de suprir à época as necessidades básicas de uma família. 

No ano seguinte, no mesmo dia 1º de maio, era criada a Justiça do Trabalho, com a missão de resolver as questões pertinentes ao capital versus trabalho e atuar como fiel da balança entre os interesses do patronato e da classe trabalhadora. 

Hoje, as relações de trabalho estão sendo questionadas, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sofre críticas, como a própria Justiça do Trabalho é olhada de viés por muitos.


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