Desafios em épocas violentas

Violências extremas voltaram a acontecer em uma escola brasileira, com mortes e um enorme susto social. Quando as notícias sobre o grave fato ocorrido ganhavam repercussão na mídia, recebi uma mensagem que pedia para ser compartilhada e que destacava “motivos pelos quais os pais são os culpados dos filhos virarem delinquentes”. O texto seguia sinalizando passos que, supostamente, se seguidos, resolveriam as aflições de mães, pais e responsáveis na educação de crianças e jovens diante das realidades crescentemente agressivas que vivemos.

Possivelmente a mensagem compartilhada foi redigida com boa intenção, mas apresenta uma superficialidade danosa. Alardear sensações de culpas tendem a gerar uma atmosfera dolorosa e pouco racional. Em vez de propagarmos um clima tenso de culpabilidades imobilizadoras, que tal pensarmos em caminhos possíveis de escuta em que consigamos substituir modelos impositivos por experiências dialogadas?

Conversar sobre aquele jogo de videogame que tanto encanta, por exemplo, possibilita que as pessoas envolvidas nesse diálogo se conheçam e haja muita afetividade. Não são diálogos diários ou obrigatórios, mas em que tenham a experiência de conhecer um ao outro. Às vezes essa aproximação nem será por meio da fala, mas ao se realizar voluntariamente algo, como assistir a um filme. Em tempos de tecnologias que criam uma suposta proximidade, talvez seja necessário, mais do que nunca, o olho no olho e a capacidade de lidar com as dificuldades das relações interpessoais. O outro, com quem dialogo, é diferente de mim e terá pontos de vistas que talvez sejam diferentes dos meus.

Lidar com seres humanos não consta em nenhum manual de procedimento; aprende-se a cada momento, é desafiador e nos convida a pensarmos em percursos criativos. Em caso de não saber como lidar, buscar suporte profissional qualificado pode ajudar bastante.


Assuntos Relacionados