Depressão e suicídio

Estudos contemporâneos revelam transtornos relacionados ao suicídio. Vivências de perda comprometidas com o objeto amado, ruptura da ferida narcísica de âmbito profissional e fortes emoções afetivas. Para Aaron Beck, professor emérito da Universidade da Pennsylvania, a finitude de todas as esperanças é um dos indicadores do risco de suicídio mais precisos. Com distorções das ideias e dos pensamentos proporcionando percepção ou cognição negativista e pessimista da vida, do mundo e do futuro. Durante as recessões econômicas, as taxas de suicídio aumentam. Na Grande Depressão da década de 30 nos Estados Unidos, os maiores índices de suicídio ocorreram na ponte Golden Gate, em São Francisco, segundo Alec Roy, professor da Universidade de New Jersey.

Como questão popular leiga, o suicídio seria um ato de loucura, covardia ou coragem? Culturas místicas relacionam o suicídio com a autopunição ou renascimento. A partida para um mundo melhor. Um sentimento espiritual místico de realização e supostas gratificações. O terrorismo de fanáticos com atentados e autodestruição (Nova Iorque), "homens-bomba" no Oriente, não conduz ao paraíso, mas para o inferno, com maldição religiosa. A divulgação social de ideias e projetos de suicídio escolar não existe na literatura médica, cultural e familiar. Exige cuidados especiais dos professores e da família.

Deverá ser constituído nas Escolas e Universidades um Departamento Clínico Psicológico de segurança constituído por psicólogo, assistente social e terapeuta ocupacional com a participação da Família.

Doenças orgânicas graves, câncer, esclerose múltipla, demência, Aids, Alzheimer estão relacionadas. Alguns países praticam impropriamente o suicídio medicamente assistido com doses letais de narcóticos. Este assunto é abordado pelo Código de Ética e Conselhos de Medicina. As personalidades compatíveis com o suicídio são: borderline, antissocial, ciclotímica, compulsiva e esquizoide. Simplesmente um ato de loucura? Ou revolta e fuga de um mundo violento, cruel e traiçoeiro.

Kay Taminson, da Universidade de Johns Hopkins, incentiva programas de diagnóstico e prevenção do suicídio entre os jovens. Testes psicológicos, questionários, e "life charts" são procedimentos de rotina nas escolas para detectarem jovens potencialmente suicidas. Na doutrina Cristã, a vida deve ser preservada. Segundo Santo Tomás de Aquino pertence a Deus o fim da existência. No moderno contexto social e cultural, a interpretação do suicídio é complexa. Para Stevenson, vítimas de suicídio sofrem de alguma doença orgânica ou transtornos da personalidade. O desemprego, a queda do status social, estressores psicológicos, emocionais e afetivos. Consequências genéticas influenciam o suicídio.

Sintomas depressivos de perda são agravados com a morte, família distante, relacionamentos difíceis e pobreza. São sintomas de transtornos mentais e desordens psicossociais. Na morte de um filho, morremos também, em parte. Os idosos devem reagir com mais serenidade às perdas psicológicas. Necessitam de apoio familiar e procedimentos médico-psicológicos.

Por que procurarmos a morte se Deus nos deu a vida?

Josué de Castro

Médico e professor de psiquiatria


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