D. Maria Leitão

A jovem estudante de pré-vestibular Maria Bezerra foi alvo dos olhares de Juarez Leitão - JL, seu professor de História Geral. Sinos tocados, poesias ouvidas e sentimentos revelados, lá foram os dois parar no cartório e na igreja.

São passados 48 anos. JL, depois de vivências políticas como professor festejado, vereador, livreiro, suplente invicto de senador, poeta e historiador, segue a doutrina da D. Maria. Ela pediu aquietamento após o rasgo no peito do amado para reparar coronárias.

Nesses instantes, D. Maria, avó e mãe de filhas bem criadas, revela-se a condutora sútil/severa da não espartana vida do inquieto, valente e temeroso JL. O ampara, em situações-limite. Recuperado, moderou a faina de biógrafo. Abaixo de Deus, dos médicos e dos fármacos, fica essa mãe-avó, vitoriosa nos negócios de vestimentas profissionais, a costurar, entre rosários e ladainhas, a saúde de seu amado. E o faz com pontos bem urdidos, suturas de amor verdadeiro. Agora, com 70 anos de vida, louve-se, aplauda-se, assine-se a Carta Patente de Timoneira dessa mulher de olhar agudo; ainda cuidadora de sua mãe, D. Raimunda.

D. Maria é altaneira no liderar de dezenas de colaboradores em sua fábrica, na Presidente Roosevelt, cercanias do Jardim América e do Benfica. Ia esquecendo, o nome da indústria é Juarez Leitão.

A pergunta a me ocorrer nesta escrita alinhavada, sem bordados ou apliques, é simples. O que seria de Juarez sem Maria, sertaneja-refinada, a dar ponto e nó nesse bardo inquieto? Viverão para sempre, como siameses díspares, embevecidos com a benquerença recíproca.

João Soares Neto
Empresário e escritor