Crescimento regional

As regiões brasileiras terão comportamento distinto na retomada da economia, segundo projeta um estudo elaborado pela Tendências Consultoria. Sul e Sudeste deverão apresentar crescimento tímido em 2017, enquanto Norte e Nordeste estão propensos a avançar de modo mais vigoroso, acima da média estimada para o País. Essas regiões desempenharão o fundamental papel de impelir os vagões que tentam se descolar da recessão.

De acordo com a pesquisa, o Produto Interno Bruto (PIB) do Norte deverá alcançar alta de 3,9% no próximo ano, praticamente três vezes superior ao resultado que o Sudeste deve obter (1,4%). O Nordeste registrará a segunda maior expansão, com 2,3%, segundo o levantamento. O Centro-Oeste, com 2,2%, vem em seguida, enquanto o Sul crescerá em ritmo menos intenso, devendo aumentar suas riquezas em apenas 1,3%. Para o País, a projeção é de crescimento de 1,5%.

Os responsáveis pelo estudo ressaltam que as economias do Norte e Nordeste são mais suscetíveis a ciclos de reabilitação. Na medida em que possuem uma cadeia produtiva menos desenvolvida e, portanto, inclinada a ser influenciada por investimentos de maneira mais enérgica, dão saltos mais longos e tendem a ver a crise distante no retrovisor. Para o Sudeste, a reação é naturalmente mais vagarosa, uma vez que necessita de remédios eficazes para reerguer sua volumosa economia, pautada, sobretudo, pela indústria de transformação.

A performance acelerada justamente das regiões mais vulneráveis é crucial para encurtar as manifestas desigualdades existentes, ainda que de modo tênue. Se as previsões se confirmarem, é provável que o desemprego nesses locais comece a murchar antes, o que ocasionaria efeitos positivos para os indicadores de renda e consumo. Como possuem uma rede industrial menos evoluída e multifacetada como se vê no Sul/Sudeste, os serviços e o comércio são a locomotiva do crescimento, portanto a presença de um contingente consumidor com condições favoráveis a fazer essa engrenagem girar é imprescindível.

O ritmo díspar entre as regiões vem sendo verificado em estatísticas do corrente ano. Em setembro último, por exemplo, o Nordeste conseguiu criar quase 30 mil postos de trabalho com carteira assinada, ao passo que o Sudeste fechou 63 mil vagas formais, conforme dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Os números nordestinos ainda se distanciam da pujança de outrora, mas já indicam aumento na demanda, sinal de alívio ainda não observado em outros pontos da Nação.

O nível médio de renda mais baixo e os indicadores de desenvolvimento humano inferiores problematizam a forma como Norte e Nordeste enfrentam crises financeiras. Sair o mais cedo possível das situações hostis é essencial para que a população dessas regiões sofra menos.

Vale frisar que tal resposta deverá ocorrer apesar da ausência de planos federais que respeitem as debilidades idiossincráticas dessas regiões e tentem corrigi-las. Se houvesse a real tentativa de equilibrar as macrorregiões por meio de programas de atração de investimentos específicos, o crescimento das mais fracas seria ainda mais célere. Apesar dos avanços, a participação de Norte e Nordeste no total das riquezas produzidas nacionalmente ainda é baixa. Somadas, não chegam a um quinto do PIB brasileiro. O potencial para absorver novas porções no meio produtivo é vasto, mas depende de fatores favoráveis.