Coronel de votos e personagens II

Ao enfocar, no artiguete da semana passada, o velho politiqueiro Francisco Heráclio do Rego, conhecido por coronel Heráclio, anunciou-se este, citando artimanhas, repentes e personagens televisivos nele inspirados. Sua corrente política, nos anos 1960, perdeu uma eleição em Limoeiro. Os vitoriosos e eufóricos, preparavam grande carreata comemorando a vitória. Passariam defronte à residência do coronel.

Os caminhões estavam na concentração e os eleitos ainda organizando o cortejo. E, aí, deu-se a surpresa.

Antes da saída, os participantes foram alvos de tiros de bacamartes, carregados com fezes humanas e de animais. Não houve o desfile.

Data de votação. Mesa farta à disposição dos chegantes. Os caminhões trazendo votantes chegavam da zona rural na casa de Heráclio. Ele entregava os envelopes lacrados, contendo as cédulas dos candidatos, para colocarem na urna. Era o sistema de votação da época.

Um dos eleitores, depois de votar, perguntou em quem votou. "Meu filho, nunca me pergunte uma coisa destas, o voto é secreto!".

Algumas das pérolas de autoria do matreiro chefe político: "Dia do benefício é a véspera da ingratidão"; "Quando a lei é fraca, a gente passa por cima. Quando é forte, a gente passa por baixo"; "Toda vez que beneficio um amigo, faço noventa e nove descontentes e um ingrato"; "Ninguém é querido, é temido"; "Deus fez a amizade e o diabo a inveja"; "Sabido demais vira bobo"; "Discutir em certas ocasiões é o mesmo que fazer careta para cego e reclamar a cavalo, sem desmerecer a valiosa classe dos equinos".

O humorista Luiz Jacinto Silva (1929 - 1970), baseado em seu conterrâneo interpretou o coronel Ludugero, esposo de dona Filomena e contador de histórias absurdas. Já o nosso Chico Anysio (1931 - 2012), também imitando a Heráclio, criou o coronel Limoeiro, o marido ciumento da bela e cortejada Maria Tereza.

Geraldo Duarte

Advogado, administrador e dicionarista