Construtoresda História

Colecionar objetos é uma atividade que, além de agradável ao espírito, nos leva a ampliar nosso conhecimento. À medida que nos dedicamos a compilar coisas, procuramos desvendar a história de sua evolução, seu significado e importância , dentro de um contexto mais amplo.

Assim o fazem todos aqueles que, incentivados desde a infância pelos pais ou parentes, ou mesmo por iniciativa própria, despertaram para o sadio passatempo de descobrir o mundo através dos selos, cédulas, moedas, cartões-postais e tantas outros itens. Recentemente, o pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, popularmente conhecido como Nirez, disse que sua dedicação por organizar e colecionar objetos - fotografias e sua célebre coleção de discos de cera, entre outros - começou ainda quando criança. À época o antigo sabonete Eucalol trazia, em suas embalagens, figurinhas sobre temas diversos, ligados ao folclore e à História do Brasil, entre outros.

Nirez passou então a recolher as famosas Estampas Eucalol e as guardava em álbuns impressos exatamente com essa finalidade. As estampas circularam entre 1930 e 1957, e ainda hoje Nirez conserva, entre tantas outras preciosidades, os raros álbuns que deram origem ao seu interesse de colecionador. Há os que colecionam metodicamente e aqueles que se limitam a apenas guardar pequenos objetos que, em sua essência, registram um pouco da história do Brasil ou do mundo. Muitos destes, com o desuso gradual, acabam se tornando raros. Até mesmo os museus surgem pela ação dos que muitas vezes doam materiais conservados ao longo da vida para que possam constituir seus acervos iniciais.

Dom Pedro II, homem culto, foi um dos responsáveis pelo início do Museu Nacional do Rio de Janeiro, há pouco destruído, com doações de peças como múmias egípcias, por exemplo. Essas pessoas, silenciosamente, ajudam a registrar os passos da história humana mundo afora. Cada colecionador conserva, a cada pequena peça que mantém com carinho e amor, um pouco da evolução e das conquistas do homem, bem como de sua relação com o mundo que o cerca. De certa maneira, são construtores da História.

Gilson Barbosa
Jornalista