Como servir e ser feliz

Gabriela Mistral (1889-1957), poetisa chilena laureada com o Prêmio Nobel de Literatura (1945), legou-nos um poema especial. “O prazer de servir” ensina-nos a contribuir para um mundo melhor e uma sociedade mais harmônica, com pequenas atitudes. Exalta, de início, o papel da natureza ao dar-nos coisas que muitos nem reconhecem. “Toda a natureza é um anelo de servir,/Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco./ Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu,/Onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu”. Depois, convoca cada um de nós a dar intimamente sua parte para um mundo mais solidário: “Onde houver uma tarefa que todos recusam, aceita-a tu./Sê aquele que tira a pedra do caminho,/o ódio dos corações e as dificuldades dos problemas./Existe a alegria de ser sincero e de ser justo;/Há, porém, mais do que isso, a formosa,/ A imensa alegria de servir”. Observa ainda que sempre há e haverá algo de importante a ser feito, a exigir de nós a necessária sensibilização. “Como seria triste o mundo se tudo já estivesse feito;/ se não houvesse uma roseira para plantar,/ Uma iniciativa para tomar!”. E aconselha: “Não te seduzam as obras fáceis,/ É belo fazer tudo o que os outros se recusam a executar. Não cometas, porém, o erro de pensar/ Que só as grandes obras têm merecimento”.

A autora enumera, também, ações aparentemente simples, mas importantes para a autoestima de cada um: “Há pequenos préstimos que são bons serviços:/ Enfeitar uma mesa, arrumar uns livros, pentear uma criança. Aquele é quem critica, este é quem destrói,/ Sê tu aquele que serve”. E finaliza seus versos destacando o caráter divino de servir. “O servir não é próprio dos seres inferiores./ Deus, que nos dá o fruto e a luz, serve./ Poderia chamar-se: o Servidor.../ E tem os olhos fixos em nossas mãos/ E nos pergunta todos os dias:/ - Serviste hoje? À árvore, ao teu amigo,/ À tua mão?...”.


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