Brasil e China, boa relação

Está na Ásia o presidente Jair Bolsonaro, que, até o dia 31 deste mês, cumprirá um programa de visita de Chefe de Estado a países daquele continente e do Oriente Médio. A parte mais importante desse périplo será desenrolada, a partir de quinta-feira, 24, na China, onde estão previstas a assinatura de acordos bilaterais e uma reunião de trabalho com o presidente chinês Xi Jiping. A China é o maior parceiro comercial do Brasil - para lá são destinados 25% de tudo o que País exporta para o estrangeiro.

Infelizmente, essas exportações são de produtos primários, como minério de ferro e soja, de pouco valor agregado. A intenção do Governo brasileiro é, por meio de negociações e novos acordos, ampliar a lista de produtos vendidos para os chineses, incluindo nela o melão produzido na região Nordeste. Está prevista a celebração de um documento que abrirá o mercado da China para o melão brasileiro e, em contrapartida, a abertura do mercado brasileiro para maçãs e peras chinesas.

Para a implementação desse acordo - do mais alto interesse da fruticultura cearense - o Brasil lançará mão de uma complicada logística de transporte, aproveitando uma linha marítima que, partindo da América Central, escalará o Porto do Pecém e em seguida contornará o Cabo da Esperança, no Sul da África, seguindo até o destino final na China - uma viagem de mais de 15 mil quilômetros e com 35 dias de duração.

Não é fácil nem rápido fazer negócios com a China. No caso brasileiro, é preciso levar em conta, porém, alguns fatos que se registraram alguns meses após Bolsonaro apossar-se da Presidência da República. Ele havia feito um comentário segundo o qual "a China está comprando o Brasil", algo que teve repercussão negativa em Pequim. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, foi enviado à China em missão de concórdia.

Lá, ele reafirmou o interesse do Brasil de manter as melhores relações com o Governo de Xi Jiping, que o recebeu com todas as honras no Palácio do Povo, uma cortesia concedida somente a dignatários amigos do povo chinês. Agora, é o próprio Bolsonaro, na companhia de seis ministros, que cumpre uma visita de Estado ao chefe da segunda maior economia do mundo.

A importância dessa embaixada brasileira à China pode ser medida pela delegação que acompanha o presidente Bolsonaro: são 120 empresários - incluindo CEOs de multinacionais com filiais no Brasil - dos mais diferentes setores da atividade econômica, que respaldarão e avalizarão o discurso do presidente brasileiro de que o Brasil tem hoje as melhores, as maiores e mais diversificadas oportunidades de investimento do planeta, para as quais convida os capitais chineses.

A parceria da China é vital para o Brasil. Em 2017, as exportações brasileiras para a China alcançaram o equivalente a US$ 50 bilhões, enquanto as importações de produtos brasileiros pelos chineses foram de US$ 28 bilhões, o que representou um superávit de US$ 22 bilhões em favor do Brasil.

Assim, a visita de Bolsonaro à China deve ser analisada, do ponto de vista geopolítico, como um evento de transcendental importância para a economia e a política externa brasileiras e, principalmente, para a boa imagem internacional do País.