Bolão de Mestre Olívio

A centenária Banda de Música de Brejo Santo, criada em 1817, possuiu como designativo o nome do notável musicista Antônio Carlos Gomes (1836 – 1896), autor da ópera O Guarani.

A denominação manteve-se até 1997, quando a Lei Municipal Nº 254 renomeou-a, passando a se chamar Banda de Música Maestro Olívio Lopes Angelim, devido aos serviços prestados pelo militar ao Município.

Olívio (1901 – 1985), pernambucano e sargento reformado do Exército, foi compositor de partituras, como o “Dobrado Padre Pedro Inácio”.

Tornou-se mais brejo-santense do que muitos nascidos na cidade. Exerceu os ofícios de alfaiate, professor e instrumentista.

Fundou, em 1918, o Tiro de Guerra Nº 421, e organizou em 1927, um grupo de combate armado e municiado, que defenderia a cidade, em caso de ataque por Lampião e seu bando. Tal preparo deu-se em face da “Tragédia de Guaribas”.

Ante aos citados e a outros feitos, o personagem mereceu destacadas homenagens da terra que adotou e fez-se adotado.

Esse homem dos sete instrumentos motivou novo bordão.

Um circo mambembe instalou-se na vizinha Jati. O proprietário procurou Olívio e contratou seu conjunto de música para a temporada.

Dez dias de tocadas, no decorrer dos espetáculos, acertaram. O contratante quis pagar a cada apresentação, mas mestre Olívio preferiu a quitação só ao fim. “Eu quero receber é o bolão” – afirmou.

Manhã depois da última noitada musical circense, ao se deslocar para o embolso, o músico assustou-se. Nada existia onde estivera o circo. Chão limpo. Ninguém sabia o destino da trupe.

Cidadão sério, cumpridor dos deveres, Olívio vendeu até as galinhas do terreiro e pagou os tocadores de piston, trombone, bombardino, tuba, clarinete e saxofone. Os aluguéis de veículos de transportes e outras despesas.

E ficou um dito, em Brejo Santo, caracterizando coisa que não dá certo ou está perdida: “Bolão de Mestre Olívio”.


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