As perdas abruptas

A vida, do início ao fim, nos reserva as mais diversas situações, felizes ou não. Disse o poeta norte-americano Henry Longfellow (1807-1882), acerca da finitude humana, que “Não há morte! O que nos parece morte é uma simples transição”, a passagem para a eternidade. Ao nascermos, começa também o decurso inexorável do tempo, rumo ao final de nossas existências no plano terreno. 

Cada pessoa, à medida que cresce física e intelectualmente, tem seus próprios sonhos e projetos: estudar, trabalhar, constituir família, gerar sua descendência até que, um dia, seja chamada à outra dimensão. Na lógica temporal, os pais sepultam seus ascendentes, os filhos sepultam seus pais e assim por diante. Porém, muitas vezes a mesma lógica é alterada de súbito, por força de acidentes, enfermidades, fenômenos que surgem abruptamente no caminho e mudam, de inopino e de modo definitivo, trajetórias carregadas de perspectivas, sonhos, esperanças. 

São muitos os pais que perdem precocemente seus filhos, ainda tão jovens e cheios, naturalmente, desses projetos duramente ceifados. E, se a morte de qualquer ente querido nos é particularmente dolorosa, quão terrível não será a partida de um jovem de 16, 18 anos, arrebatado da vida pelas mais diversas circunstâncias? Não podemos, nem de longe, aquilatar quão profunda e amargurada é a dor de seus pais, pela perda de um filho ainda ávido de experiências na vida, ansioso por conhecê-las e aproveitá-las!

Por mais que tentemos, por mais solidários que sejamos, jamais sentiremos a profundidade desse padecimento. Nem mesmo o conforto da religião, da fé na vida eterna, mitigará rapidamente tamanha angústia! Diante de perda tão inesperada, esses pais precisam e precisarão, por muito tempo, de apoio psicológico, religioso e de todo o amparo que possa-lhes ser oferecido pelos amigos. Temos vivido muitos dramas assim. Que Deus possa atenuar a tristeza desses pais!

Gilson Barbosa
Jornalista


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