Amor de Carnaval

Aí vem a folia. Carnaval. Festa religiosa. Nem tanto. Alegria pré-fabricada. Ilusões. Pierrô e Colombina quase no esquecimento. Homens e mulheres unidos. Saracoteando. Dança de salão ou de rua. Pulo. Meneios corporais. Ritos faciais, além das máscaras. Ah! O Carnaval, chegando! Preocupações múltiplas. Poesia do contraste entre o riso e o choro. Lágrima oculta ou explícita. Derrame sensível pelo canto do olho. Gota rutilante de um orvalhar melancólico. Carnaval: “Era festa de Carnaval/ E seus olhos choravam/Num contraste aberrante!/ Tanta alegria/ Tanta burla/ E você chorando... / Encerrada numa tristeza sua!/ Por quê?/ Quem poderia responder/ Sabendo-a quase feliz;/ Na união das nossas almas, / Na junção dos nossos corpos, / Na ilusão dos amantes... / Você chorava!/ Produzindo lágrimas sociais/ Cerrando os punhos/ Em atitude de revolta/ Contra a orgia louca/ Do período momino!”

Assim versejamos nos idos de 1963. Agora relembro o texto. Atual. Desabafo que vara o campo. Assume contornos modernos, na velha temática que ocupa espaço de jornal, de rádio e de televisão. Oportunidade ímpar para reciclar opiniões. Passar quatro dias cuidando da saúde física e mental.

Busca do outro para compartilhar alegria. Desestressar a mente. Encontrar o amor de Carnaval, sem a preocupação de usar a camisinha. O enleio de sexo é bom, mas turva os sentidos. Você pode amar, principiando pelo encanto das palavras. O Carnaval aproxima e apaixona, por sugerir encontro de corpos em danças ritmadas de frevos, sambas e embalos outros. Despreze a bebida ou a droga. Use o Carnaval com a sua inteligência superior. Você é capaz de brincar usando a matéria-prima dos bons princípios. Se não consegue, fuja. Corra léguas da necessidade espúria de precisar de um reforço externo para despertar alegria... A espiritualidade que nos cerca, através dos espíritos desencarnados, luta e sofre para alertá-lo. Semeia dúvidas (no bom sentido) no seu pensamento, “soprando” meios e modos de como usar a razão. Equilíbrio. Sustentar valores que se lhe são inerentes às condições de ser humano.

PAULO EDUARDO MENDES
Juiz de Direito e jornalista