Abuso sexual na juventude

Falar sobre abuso sexual a crianças e adolescentes é tratar de uma experiência na vida do sujeito que abre uma ferida com marcas para o resto da vida.

Os abusadores são, em sua maioria, pessoas de confiança, com isso, há um comprometimento da concepção de amor que esse jovem vai construir ao longo da vida, quando amar e confiar passam a ser confundidos com ser agredido e invadido.

Um outro efeito catastrófico é que essa criança ou jovem geralmente é uma vítima de manipulação no que se refere a falar sobre este assunto.

O abusador o envolve numa trama emocional, como se esse ato fosse de mais pura intimidade, amor e que é importante manter em segredo. Existe um perfil, tão agressivo quanto, que é o de ameaça de alguma punição como forma de alimentar a crença de que nenhum adulto lhe dará atenção, desvalidando a dor e ressaltando um efeito violento de sentimento de culpa por ter sido vítima.

O abusador vai construindo a ideia de que o jovem deixou acontecer e que se ele gostou é porque permitiu, sendo o prazer um dos fatores que alimenta a culpa. Em terapia é preciso descontruir isso, pois o jovem muitas vezes não entende que aquele ato é repreensível.

De forma geral, a criança e o adolescente dão sinais e os pais devem ficar atentos, tendo que ampliar o olhar para mudanças de comportamento abruptas, irritabilidade, enxergar o contexto em que a criança está inserida, afinar o diálogo e construir uma relação de intimidade e confiança.

Quanto mais rápido a agressão é identificada e tratada, menores consequências futuras e mais fácil será trabalhar o processo na fase adulta.

Camila Alves

Psicóloga


Assuntos Relacionados