A tensão interminável

O ano de 2018 reacendeu o debate político. O intenso período eleitoral, marcado profundamente pela popularização dos mais variados assuntos, deixou claro que a política passou a ser o assunto do dia para toda e qualquer pessoa que se interesse (a qualidade da discussão é algo a se questionar), informada geralmente pelas redes sociais. O fenômeno das redes, indubitavelmente responsável por essa vulgarização, segue dividindo opositores, suscitando polêmicas, espalhando notícias. Desde intelectuais até pessoas simples, se podia ver que a conversa sobre política rendia boas trocas de ideias. 

A chamada polarização permanece, aparentemente como um dos grandes legados da campanha. E com o estabelecimento de um dos lados no poder, o outro se situa numa condição, por vezes, demonizada e humilhada. É muito válido recordar que o que se vive não  é mais o tempo de ânimos elevados, de acusações infundadas, de farpas trocadas. Ou, pelo menos, não deveria ser.

Uma atmosfera de ódio parece dominar a cena dos debates, se infiltrar nos diálogos que dizem respeito à vida social, e o pior, querer imperar. Esse clima, alimentado pelo descrédito que fornece ao adversário, se eleva e numa posição superior, pousa como reinante. As redes sociais, palco de intermináveis brigas, recrutam legiões de adeptos e o fosso se institui.

O ataque barato, sem fundamento, baseado simplesmente na fértil imaginação de um lado para com o outro, não colabora para minorar a tensão presente. Lamentavelmente, o receio em se manifestar, o medo de agressões verbais, a falta de coragem em se posicionar, são já realidades de agora.

Desse modo, o benéfico diálogo entre opostos, o entrave entre diferentes, que visa a um consenso, funciona como o óleo que mantém a engrenagem social sempre viva, pois uma vez esquecido, se enferruja e os riscos de extremismos e intolerância surgem. A tradição democrática se mostra sempre como o melhor caminho a ser seguido.


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