A religião no combate à violência

O Brasil está ainda mais violento do que antes. De acordo com o Atlas da Violência publicado em 2019, no ano de 2017 foram registrados cerca de 65.602 homicídios e que, segundo a pesquisa, "trata-se do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no País".

Diante dessa realidade alarmante, além das políticas públicas do Estado no enfrentamento dessa problemática, é preciso ponderar acerca da responsabilidade e envolvimento sistemático da sociedade civil, setores privados e organizações sociais nesse combate. 

Nesse contexto, as religiões - como instituições sociais formadoras de condutas coletivas e individuais - podem contribuir como reservatórios éticos na busca pela construção de uma cultura de paz na sociedade. 

Sendo assim, que papéis e funções estas podem assumir em face a essa questão?

1) As religiões devem combater os discursos de ódio e intolerância buscando desenvolver os valores universais ensinados por todas as tradições espirituais do mundo, como amor, justiça, igualdade, etc., de modo a contribuir com a formação cidadã e moral dos indivíduos;

2) As comunidades religiosas necessitam promover projetos socioeducativos e de atendimento terapêutico - preventivos e de reabilitação - tanto com iniciativas independentes, quando em parcerias com o poder público, às populações mais susceptíveis às vulnerabilidades sociais, assistindo espiritual e socialmente estes grupos;

3) As religiões podem buscar formas de organização comunitária, através de suas lideranças e representantes, para pressionar, supervisionar e orientar as políticas públicas adotadas pelo Estado nesse enfrentamento.

A relevância pública das religiões diante do Estado laico na atualidade está associada à capacidade de ação colaborativa e formativa destas instituições na promoção dos valores cidadãos e éticos no combate à violência na sociedade.

Victor Breno
Teólogo e cientista da religião


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